segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Saudades do que nunca se teve

Depois de tanto tempo percebi que pessoas não fazem falta- nem sentem falta de verdade-, principalmente as de longe. Se hoje falo delas é por saber que apenas existem em um passado quase que remoto da minha memória. Meu subconsciente pede para falar delas, não por saudades....Mas, por algo sem palavras. Talvez até para forjar uma saudade repentina.

- Sente-se assim?Conte-me mais.
- Sinto-me na esperança de encontrar algo muito bom lá. Tenho certeza que encontrarei minhas saudades verdadeiras por lá.
- Por lá?Donde fica esse 'lá', Júlia?
- Não poderei explicar-te com palavras.
- Precisa me explicar pr'eu poder te ajudar.


Júlia levanta-se do Divã, recolhe seus longos cabelos ondulados negros e levanta-se, ainda com as mãos ao redor dos cabelos. Entra no banheiro do consultório e leva sua bolsa. Seu Borges não entende, mas espera no silêncio daqueles olhos expressivos e brilhosos da juventude de Júlia.


-Júlia?   Disse Borges ao bater na porta do banheiro.
- Espere um momento.
Júlia estava carregando o seu mp3, prestes a colocar Piazzolla para seu analista entender do que ela sentia falta e o que realmente gostaria de falar.

- Júlia.... Não faça besteira!
- Calma, Borges.

Júlia saiu do banheiro e deu play. Borges não entendia o que ela queria dizer com a música.Esperou pelas reações desta, que vieram em seguida, com danças e choro.
- Sinto saudades das pessoas de...

Júlia desmaiou nos braços de Borges.
E...  Quem escreveu... sofreu de saudades eternamente.