sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Baforadas de incenso



Acendeu o incenso.
Aquela tarde não era uma tarde qualquer.
Algo estava para acontecer.
Trocou de roupa como se fosse sábado,deitou-se e chorou como se escutasse Fagner;
Tudo estava leve,mas,ao mesmo tempo pesado.
Não sabia se escutava a música ou a sua mente.
Não sabia se penteava-se ou chorava.

Acendeu outro incenso.
Ligou a TV.
Respirou fundo.
Foi à cozinha.
Fez café.

'O trem se foi na noite sem estrelas.
E o dia vem,nem eu,nem trem ,nem ela.'
Trocou de roupa,viveu o dia que possuía.Ainda.
Acendeu o Fósforo,deixou-o queimar quase até o fim,não por conta de querer,mas,via sua vida n'quela chama.

Pegou uma caixa de surpresas;
Nem ela sabia o que ali habitava.
'Nem eu,nem trem,nem ela.'
Foi longe.
Tão longe que não sabia onde estava.
Debruçou-se em livros;
Tomou remédios;
Fez poemas;
Fez fotos;
Fez curtas;
Fez livros;
Morreu.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Ela faz cinema,ela faz,ela é a tal.


''Não.

Não aguento mais tanta água!

Não,eu não quero tomar mais banho.

Não,eu não quero mais enxaguar-me nessa água.


Me.

Me coloque fora disso!

Me?

A minha pessoa!

Não,eu não quero mais pensar nessa água.

Vai,pega a toalha aí.


Enxuga-me as lágrimas!

Vai,anda logo,estou  necrozando !

Puxa-me os cabelos,me leva para um lugar verde.


Júlia ''



Assustei-me quando li esse ''bilhete poema'' de minha querida filha de 45 anos,não entendia como;por que causa ou consequência ela se comportava assim,ela nunca foi mimada,nunca!Sempre foi forte,claro,teve seus momentos de choro,de fraqueza;mas,sempre no outro dia,como quem diz na mesma hora ,quase,estava ela sempre bem.Introspectiva,mas,bem consigo.
Liguei para seu ex-marido,não atendeu. Liguei para minha Neta,mas,ela não sabia o que havia acontecido.

Conheço minha filha,quando ela pede um lugar verde,as coisas não andam funcionando bem.
Até que o telefone tocou ,e eu já tinha lido e relido inúmeras vezes esse bilhete,tentando "captar" o que minha querida estava sentindo.Era ela,sua voz tremula,mas,forte como uma pedra de milhões de anos atrás,fortificada com brasas.
Falava-me que perdeu a razão,que perdeu a paixão,que perdeu o amor.

Senti que estava mentindo.
Respirei fundo,pedi-lhe que me falasse a verdade.
E ela,percebendo que não enganaria-me disse:
- Mamãe,cansei de ser durona.

Houve um silencio absoluto,a ligação acabou.
Sabia que Júlia voltaria a ligar ou chegaria em nossa casa a qualquer instante.
Júlia pensava que sua mãe não entenderia,não merecia escutar o que ela tinha pra dizer,e nem mesmo ela sabia o que tinha para dizer.Ela estava tonta,mas,tinha que parecer muito bem,tinha que terminar de gravar seu curta.

A mãe de Júlia esperou-a,esperou-a,mas,cansou-se de esperar.Ligou.
Júlia não atendeu e sua mãe pensou que estivesse acontecendo realmente alguma coisa;
Dona Leopoldina não aguentou a demora da filha e saiu com seu fusca amarelo até o estúdio onde a filha estaria.Mas,não achou-a.Foi até uma praça perto,onde tinha verde.Achou sua filha;estava gravando.Esperou-a,reparando a roupa que sua filha estava vestida; uma calça jeens com aparência de suja de cor azul clara,com uma blusa preta,mochila no chão,máquina na mão.Olhou firmemente a atriz que dizia na hora:Eu quero que leve-me para um lugar verde.
Leopoldina não estava entendendo mais nada,mas,sua filha tinha arrumado uma cilada,aquele bilhete era apenas uma inspiração,aquele telefonema estava sendo gravado,Júlia queria tudo muito real.E quem dublaria a atriz ,era ela. Sua mãe soube disso horas depois.






E gravaram juntas a música de Chico Buarque,Leopoldina,claro,com olhos chorosos:
Quando ela chora
Não sei se é dos olhos para fora
Não sei do que ri
Eu não sei se ela agora
Está fora de si
Ou se é o estilo de uma grande dama
Quando me encara e desata os cabelos
Não sei se ela está mesmo aqui
Quando se joga na minha cama
Ela faz cinema
Ela faz cinema
Ela é a tal
Sei que ela pode ser mil
Mas não existe outra igual
Quando ela mente
Não sei se ela deveras sente
O que mente para mim
Serei eu meramente
Mais um personagem efêmero
Da sua trama
Quando vestida de preto
Dá-me um beijo seco
Prevejo meu fim
E a cada vez que o perdão
Me clama
Ela faz cinema
Ela faz cinema
Ela é demais
Talvez nem me queira bem
Porém faz um bem que ninguém
Me faz
Eu não sei
Se ela sabe o que fez
Quando fez o meu peito
Cantar outra vez
Quando ela jura
Não sei por que Deus ela jura
Que tem coração
e quando o meu coração
Se inflama
Ela faz cinema
Ela faz cinema
Ela é assim
Nunca será de ninguém
Porém eu não sei viver sem
E fim.

Quando os loucos falam o futuro

Mal acordara,cachorro latia,gato miava,tartaruga andava,coelho corria,criança chorava.Eram quatro horas da matina,vestia um longo vestido branco,com fios pintados de prata,seus pés descalços naquela grama gelada,estava em seu quintal.Seus olhos ainda mal conseguiam abrir;o sol batia forte onde ela estava,mais tão forte que seus olhos castanhos ficavam quase verdes.
Foi em direção à porta da frente,mas,antes que chegaste a esta uma vizinha nova chegou para falar com aquela moça dos cabelos cacheados,um pouco dourados,com ar de quem acordou a pouco.Pedia-lhe que fosse ver seu filho.A moça era morena,estava vestindo um vestido estampado,de chita,com sandálias de couro,cabelos muito liso e muito pretos,chamava-se Luiza.
Carolina foi até esta, ver aquele menino febril,atou seus cabelos cacheados com um pedaço de madeira que achou no chão.Preparou chá de camomila para a criança doente.

Enquanto a criança febril tomava o chá,Carolina fazia-lhe perguntas;sobre colégio,sobre a mãe,sobre seus outros irmãos.Até que a criança,que mal abrira os olhos adormeceu novamente.Mas,ocorria algo estranho,Carolina conseguia penetrar nos sonhos e encantos daquela criança.Ela via por cima dos olhos desta o que passava-se em seu mais íntimo.Ela acreditou ser apenas algo normal,apenas via algo estranho,poderia ser a vista,até por conta do que ela estava vendo:Listras negras e laranjas,que circulavam entre si e navegavam para um buraco negro e voltavam.Mas,logo depois,ela viu-se naquele menino;o buraco negro que antes existia,sumiu,emcima dos olhos do garoto,ela via-se dançando com alguém,rindo.Com medo do que estava vendo,correu e deixou o menino sozinho.Foi para sua casa,não aguentou ver aquilo.

Saiu correndo naquela grama gelada,o sol já aparecia fortemente,não aguentou ficar em casa,não sabia o que estava acontecendo,não sabia o porque de ter visto aquilo.Pegou seu cavalo,montou de vestido mesmo,foi até uma velha amiga,que diziam ser louca.

Encontrou depois de meia hora a casa da tão desejada amiga Francisca,que estava numa cadeira de balanço branca,arrudiada de plantas,de flores,de pássaros e dormindo ao seus pés,um gato grande e gordo amarelo.Vestia uma roupa negra,que não tirava para nada com uma sapatilha de bolinhas coloridas.
Carolina deixou seu cavalo preso na palmeira mais alta que havia na frente da casa de Francisca.
Francisca percebendo a movimentação e o barulho de pisadas de cavalo levantou-se e foi até aquela pessoa toda de branco,com cabelos bagunçados,ela não sabia que era Carolina,aquela filha de uma velha amiga sua.
Carolina aproximou-se e antes mesmo que Francisca falasse algo já foi dizendo o que aconteceu naquela manhã.Francisca percebendo seu nervosismo,mandou-a calar a boca e cuspiu no chão,como era de costume quando ficava nervosa também.Levou-a para um quarto e lá estava a Luiza,dormindo,chorando,esperniando. Francisca disse para Carolina:Teu destino,o menino viu. Teu destino o menino viu!
Carolina não entendia nada,até que Luiza parou.Parou de respirar,de esperniar e de chorar.Ali,parou-se a vida.
Francisca mandou Carolina retirar-se e ir até o menino.Carolina ainda muito mal,por não saber o que estava acontecendo e por ser deveras uma pessoa sensivel,foi desatando o nó da corda que prendeu seu cavalo na palmeira mais alta , subiu nele e correu até a casa de Luiza.Chegando lá,encontrou com o irmão de Luiza,que chegou para tomar conta do menino,pois,Luiza já tinha avisado que não estava bem por esses dias.Ela lembrou-se do que tinha visto,era aquele mesmo sorriso,era aquilo que ela tinha visto emcima dos olhos do menino!Pensava isso em frações de segundos; e o rapaz disse:Então és tu Carolina,a moça dos mil e um gatos vizinha de minha irmã Lu?
Ela assustada e ainda muito nervosa,até um pouco chorosa disse que sim , e resolveu levar-lo até a casa de Francisca,para mostrar-lhe Luiza,morta.
Levou-o em seu cavalo, o menino dormia.Enquanto ele dormia,passava-se no buraco negro a morte de sua mãe.E ele chorava,esperniava,mas,ninguem estava em casa.Ele não conseguia acordar.
Carolina enquanto cavalgava não falava uma só palavra, e o rapaz respeitava seu silêncio.

Chegaram.
Tudo repetia-se,nó no cavalo,maior palmeira que ali tinha.flores.pássaros.um gato.A mesma velha.

Francisca aproximou-se e disse: Vocês agora são uma família meus caros.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Turbilhão de pensamentos de um tal de Lucas.

Sempre é bom encontrar pessoas que compactuem com suas ideias,seus ideais,suas chatices,suas idiotices,enfim,que participem  ou sejam um pedaço de você.
E eis que degustando um livro de Julio Cortázar,deparo-me com algo que já havia pensado várias vezes,mas,que foi brilhantemente dito:

" Y después de hacer todo lo que hacen,se levantan,se bañan,se entalcan,se perfuman,se peinan,se visten, y aí progresivamente van volviendo a ser lo que no son"


Humanos são assim,sempre tem vergonha de mostrar o que são realmente.Oras,por que causa as pessoas não atendem a porta sem tomar banho,sem passar algo em seu rosto,sem vestir uma roupa "apresentável"...?
Tudo isso para não mostrarem o que são,o seu 'eu',o Eu que se esconde em roupas,limpeza exagerada,em palavras 'adequadas',em gestos 'adequados',um falso 'Eu' é sempre o que encontramos em cada pessoa na rua,na faculdade,nos ônibus,nas lojas,enfim,em toda cidade.
E é por isso que casamento muitas vezes não dá certo,uma coisa é o seu 'Eu' em sociedade,outra coisa é o que você é em casa,fora dos (quase) holofotes,mostrar-se quem é ,fora da sua roupa,dos seus falsos gestos,dos seu falso odor,do seu falso eu.
E nós,somos assim,essa mentira.
Resta saber se você é assim por conta de não aturar-se do jeito que é,por conta do que lhe é imposto ou por conta de querer realmente ser assim e por se sentir bem mostrando o seu verdadeiro Eu somente para você(visão egoísta) ou para os seus.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Monólogo.É sempre bom.

''Os Humanos são engraçados.
A sociedade é engraçada.
Mas,não estou afim de graça,de piadas,de subentendidos.
Quero algo real,comunicação geral.
Se você também quiser isso,fique sozinho.''

Li isso a muito tempo,era primavera de mil novecentos e oitenta e três.Foi uma jovem poeta quem disse,se lembro-me realmente o nome,só lembro-me de certo o sobrenome:Nogueira.Eu era apenas uma adolescente,com meus dezoito anos,achava que ficar sozinha era algo péssimo.Mas,não,percebo hoje que é a melhor coisa;é uma etapa muito boa para você ficar só.Tornar-se-á uma pessoa melhor,sério,jovens,pratiquem isso.Fiquem um bom tempo consigo mesmo.Hão de se conhecer e se relacionar melhor com você mesmo , e como consequencia,se entenderá melhor com os outros humanos ,ou ainda, de vez tornarem-se seguidores do seu próprio Eu.
O que seria melhor ainda.

É isso ,pessoas,sintam-se bem com vocês.Quem sabe o mundo não melhora,hein?Tudo bem,sem utopias.

Lembro-me dos meus dezoito anos,sempre tão observadora,sempre buscando imagens iguais e achando-as em pessoas diferentes!Sempre foi assim; as pessoas são sempre uma a cara das outras,digo,essas pessoas medíocres.
Que não conseguem viver sozinhas,não conseguem ficar só por mais de três horas,sentem-se triste,não conseguem tirar proveito de estar consigo ou apenas não se suportam mesmo.

Faça um teste,tente ficar sozinhos;
Pegue uma folha e uma caneta e passe com você o máximo de minutos que conseguir.
Depois dessa fase da folha e da caneta,passe horas com você,só com você,sem televisão,nem nada,somente deitado.
Pratique isso diversas vezes por dia.

Caros leitores,isso fará bem um bem danado a vocês ,sacrifique horas com você mesmo,não dedique seu tempo para determinadas pessoas.Elas não necessitam de você,você é quem necessita.Acredite,você precisa mais de você do que eles precisam!Não estou impondo algo,mas,é o que acho correcto.

Leit@r,pense bem....Você viverá por um bom tempo com você,tem que aprender a gostar,se acostumar com você,não? É o mais sensato.
A idade avança,e continuo a viver desta filosofia.Continuo praticando horas a fio comigo,as vezes converso comigo em voz baixa,e assino em baixo quando tiro mais uma pessoa inútil do meu círculo de amizades.
E quando tiro,tiro bem.E hoje,conservo 3 amigos:Eu,Meu Criador e os Gatos,que por serem todos pequeninos,juntam-se e formam um só corpo.
Que conserva o amor,a paixão,a fidelidade,a companhia,a amizade,o sorriso,a musicalidade das coisas,dentre outros mimos que guardam dentro de si.

Colegas,possuo aqueles de sempre,papéis,canetas,pessoas com que posso conseguir algo,contatos profissionais ou educacionais.
Mas,ainda considero como verdadeiros colegas as músicas,sempre te afagam e é você quem as procura.E se te ferem,no fim,sempre te afagam,com lembranças,amores passados,momentos passados,planos passados,mentiras presentes ou passadas e te tiram de ti,para entrar em ti.

E quem não gosta de sentir um toque em sua alma,pode-se dizer que não a possui.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Cafénos Bons Ares ,de fundo,Chico.

Uma música lá longe se escutava,mal dava realmente para identificar quem cantava aquela bela melodia que parecia ser soprada pelos ventos.

Mas,algo nela falava para mim,eu sentia isso.Ou o meu inconsciente escutava e gritava para o meu consciente para ele esforçar-se a escutar aquela música.
Andei em direção contrária a música,com medo do que poderia descobrir,como uma covarde.Mas,aqueles Bons ares sopravam e traziam os sons produzidos lá longe até meus ouvidos.Embriagando-me em movimentos que acompanhavam a melodia,meus pés não seguiam mais o que meu cérebro ordenava;já possuia ritmo próprio,acompanhava a melodia e o meu corpo enroscava-se nas notas musicais.Quanto mais me afastava do som,mais ele corria em minha direção.
    De repente,o som calou-se.A dança ritmática virou lembranças e solidão.
Percebi que havia me afastado de mim mesma,corri em busca do meu 'eu',encontrei-o muito distante,onde supostamente havia saido toda aquela música.Encontrei-me de boca aberta, e era dalí que saia aquela melodia.
Espantei-me,obviamente porque dantes nunca tinha visto cena mais estranha.
Delicadamente fui indo mais proxima,até conseguir tocar naquela cena;assim que toquei,o espelho virou-se.Como eu podia ver minha alma?E como corri dela?
Não sei. Passei muito tempo correndo,e o silêncio tomou conta de mim,consegui chegar em um lugar onde havia muitos carros,muita gente,mas,era frio e um tanto úmido,as vezes seco,não sei direito,estava em estado de choque.
      Parei finalmente perto de um botequim,de nome "Superbarroco".Resolvi adentrar e ver o que tinha por lá,tanto pessoas quanto comes e bebes.E escuto aquela música ,que me havia tocado n'lma outrora.Sentei-me,pedi um café com chocolate e menta.Resolvi escutar aquela música até,supostamente,o seu fim.Que não houve,ou ao menos parecia não ter fim.Peguei meu casaco marron e coloquei-o na cadeira da frente.Pedi a garçonete um papel e uma caneta,prontamente ela veio com uma folha A4 Verde-musgo e uma caneta preta que parecia ter sido usada muitas vezes,mas,sua tinta continuava ,como dizem,cheia.Comecei colocando a data,por extenso: Quinze de Novembro de Dois mil e dezoito.Resolvi tentar descrever aquela melodia,me joguei em seu eletrizante arranjo.Terminei desenhando várias bolas,setas,personagens,escrevi várias vezes o meu nome,desenhei arcos,arco-iris,corações e garrafas d'agua.
        Alguém observava aquela cena,estranha cena.Alguém guardava o lugar de seu par,enquanto dançava sentada,com uma caneta na mão,um homem imaginava,olhando aquela Mulher, de brilhantes olhos castanhos,com boca rósea,pele com ar de assustada,cabelos grandes e altos,um tom loiro,que ele não identificava,mas,que encantava-o.Ele não sabia se estava em Paris ou Veneza.Não sabia,somente sonhava com aquele ser.Mas,institivamente,não conseguia aproximar-se,por conta da temida cadeira com o casaco marrom.
        Enquanto ela deliciava-se tomando seu café,percebeu que era observada.Pegou seu casaco,juntou todas as folhas que teria usado ,chamou a garçonete e pagou-lhe pelo seu atendimento e pelo café;ao menos saiu ganhando caneta e folhas.Foi andando naquela cidade,da qual,ainda não sabia-se de onde tratava-se tanta beleza.Foi ao longe,chegou a uma praça.
Tentou falar com alguém,mas,esse alguém,não era comunicável.
         Aquele Senhor,de olhos esverdeados,cabelos pretos,costeletas e roupas bege e marrom ia em sua direção,desesperado.Sabia que ela era uma das dele.
Avistou-lhe mais próxima,gritou por "Muchachita!".Eu prontamente virei-me.Havia algo,não sabia ao certo,mas,ele aproximou-se e dentro de seu bolso tirou um Mp4.Era dali  que saia a música que fazia-lhe tanto bem,que trazia-lhe tantas memórias.Sorri.Não havia o que dizer.Ele pegou-me pelo ombro,sorriu,perguntou-me o que estava fazendo por alí.Contei-lhe que havia fugido de meu lado poeta,ele sorriu e disse:Onde encontrarás tua face perdida?Estaria tua face no espelho perdido de outras poetas? Respondi-lhe que havia ficado em meu passado,que não tinha mais tempo para exercer um trabalho-lazer que fazia-me tanto bem.
            Pensei rapidamente que estava falando com um Poeta. E atropelando esse pensamento,ouvi-lhe dizer que também escrevia por prazer e que alí onde estava era um exílio de poetas que queriam fugir do mundo dos negócios e ir profundamente no seu Eu e por isso não conseguia comunicar-me com demais pessoas.Duvidei dele.Mas,fez-me tão bem,que deixei-me ir.Fui abrindo minhas gavetas,mostrando-lhes minhas produções de outrora; trocamos poesias,poemas,crônicas,contos e fizemos um conúbio de poesias,aliterações,Metáforas e Imaginação.
            Perguntei-lhe como eu conseguia me comunicar com ele e com os demais não.Respondeu-me com um sorriso forte e doce: Eu habitava em teus poemas e tu ,nos meus.
            Descobri,todos aqueles amores de que eu amei e aumentava completamente me meus poemas,eram,na verdade,dirigidos a uma pessoa que amava-me de longe.E eu amando quem estava perto.Como ele reconheceu-me?Não sei.
            Num outro dia,regido de muita poesia e café,morremos ao lermos juntos uma pequena nota no jornal,que dizia: Sé útil a alguien .


Sem perceber,os poemas e as poesias tornaram-se reais,todo aquele amor,enfim,existia.


'' Hoje o samba saiu...Procurando você...Quem ti viu,quem te vê..."

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

O conúbio do Velho e do Novo,do Real e do Irreal.


Bem,começaremos novamente... Por enquanto nenhuma introdução,nenhuma razão para estar aqui,nem tão pouco tempo de estar por aqui,mas,estou.
Há vários assuntos para serem abordados,mas,sabe aquela dor de cabeça chata? Que te acompanha por mais de três dias...seguidos!? Pois bem,ela está comigo.
Não,não há razões psicológicas para tal fato,há outras.Fugirei de temas tão dolorosos.Vamos falar de outras coisas?


Tudo parece adormecido,mãos,pés,mente,gatos...
Mas,algo lateja fortemente.
São seus pulsos,avisando-lhe que está viva!
Agregando valores morais a sua mente e mãos.
Ela sente-se viva!


Vai até a cozinha,estende a mão ao vento, pega uma xícara e vai até o balcão com ela em suas mãos. Põe duas colheres de chá de açúcar mascavo,três de café.Ferve a água, enquanto esta esquenta,senta-se no chão de seu apartamento,arrudiada de gatos,deita-se após segundos e embriaguei-se pelo aroma que sai de um espirro angelical de seu gato,e preenche seus dedos com aquele velho afago entre os pêlos. E ri. Ri delicadamente do sorriso que da alma de seu gato brotou.
Esqueceu do café.Mas,ganhou um sorriso afagador,aqueles sorrisos que bastam-se por si só.
Enquanto acarinhava seu amigo de muitas e muitas felicidades e tristezas,lembrou-se da água.
Traçou um caminho reto e rapidamente aplicou àquele aroma dantes seco,a água que fez brotar um perfumoso desejo de caminhar por entre os jardins de suas memórias. E caminhou.Foi longe.
Tão longe que pegou-se indo em direção a chave de seu carro.E lá,como estátua,começou a analisar aquele tapete contorcido de linhas verdes e bege,aquele sofá colorido,de listras em tons de verde,aquelas revistas de Economia e Filosofia espalhadas perto de sua vitrola; e seus sonhos espalhados no teto.
Imaginou que aquilo fosse momento,percebeu que o café havia esfriado,foi esquenta-lo,por mais que não gostasse de café re-esquentado.Passos leves,mas,tensos guiaram-lhe até o fim da casa,foi párar no quarto de sua bisavó,um quarto escuro,quase vazio,mas,cheio de sentimentos e lembranças.Observou os gatos,numa cesta enorme. Naquele dia,tudo estava verde pela janela,não se via o azul.O azul era convertido em floresta.Sentia-se a brisa vindo da janela. Deu um gole longo e delicado.Tirou de seu bolso as chaves e colocou-as perto do criado-mudo estilo imperial.
Perdeu-se no verde-mar do céu,que refletia algo que ela nunca vira.
Mal podia imaginar,aquele,aquele mesmo...Era o reflexo de sua vida.
Parou no tempo.Mas,Acordou de si mesma ,quando sentiu a presença de alguém,o que já seria corriqueiro.Era mais um dos gatos.Sorrindo com olhos de observador-mor.Direcionou seus olhos castanhos expressivos em seu observador e passou a ser observante de outro ser.Eram iguais.
AS memórias pareciam juntar-se como aquele céu,que mais parecia água. Verde,relutante,chamativo,distante.
Pegou as chaves,voltou-se para o chão,beijou vagarosamente o ser que alí estava.Ronronava com ele,sorria de volta.Seus olhos brilhavam de amor.Mas,não resistira,teria que sair.Passou mui rápido por todos os cômodos do apartamento,sentiu um lamento em ter que sair,mas,precisava.Foi até o carro,um Fusca Fafa,marron-bege.Ligou-o,procurou cds,não encontrou nada que lhe fizesse bem naquele momento.Ligou o rádio,e tocou sua música preferida,triste,mas,lhe fazia bem.Foi dirigindo em direção ao nada.Terminou deslocando-se aonde seu inconsciente queria estar.Nem percebeu as horas que passou no trânsito.Foi ao encontro do verde,foi ao encontro do mar,foi ao encontro da terra,foi ao encontro do ar.
Chegou.
Chegou onde ninguém queria estar,numa cena pitoresca,em um luará.Viu estrelas no chão,viu gatos no ar,estava com um copo de filosofia na mão,e na mente um café quente e forte.
Estava,meu caro,quase no norte.Desceu do carro,mas,deixou o som ligado.Mas,ao olhar em volta,encontrou uma Árvore que estava a cantar,pegou em seus galhos e pôs a perguntar se podia-se sentir junto a esta. Conquistou uma resposta sem ao menos pestanejar.Riu meio de lado e já começou a vibrar.Sentiu que o céu que estava dantes a olhar,era o mar que estava a farejar.Sentiu um arrepio em seus braços,era o vento que vinha a lhe empurrar. Delicadamente ela escorava na tromba de um elefante laranja.Aquela cor alegre,que lhe fazia medo.Ojerizou o montante de carne.Foi correndo em frente,seu carro fechou-se, a árvore calou-se e o elefante endagou: - Corres de mim?Corres da vida,corres de ti!?Porquê? A Humana fitou os olhos naquela cor feliz e pôs-se a chorar.Não conseguia falar.Não conseguia indagar,nem respirar.Soltou um suspiro aliviado quando o elefante laranja afastou-se.
E a cada soluço dado,ele afastava-se mais ... e mais. E mais.
Foi andando até o carro,pensando "Por hoje...Basta!". Achou tudo aquilo estranho,mas,gostou.Bebeu o copo de Filosofia,metade cheio,metade vazio.Na mente,acabou o café,no carro,acabou-se a música.No verde,via o laranja. Olhou para trás,tudo estava azul,o manto que cobria dantes seus sonhos.Não havia nuvens.Um sol avermelhado surgia longe.Voltou para sua casa escutando o noticiário.Nada de importante lhe atraia.Até que ela fixou-se em uma palavra:Intensamente.
Pensou que poderia viver as cores intensamente.Lembrou-se das cores,mas,não conseguiu imagina-las.Acabou o noticiário.Toca uma música. Ela novamente apenas capta palavras aladamente ditas... E escuta "Cores de Almodóvar". Junta elementos e compõe argumentos para viver de Cores e Cinema.Tudo que ela queria.Ficou imaginando como iria juntar tantos elementos :Música,Cores,Cinema e Gatos.
Chegou em seu apartamento e foi logo ao quarto de sua bisavó,buscou entre caixotes e lençóis bordados qualquer coisa que pudesse usar a partir de agora para sentir-se em um filme.Terminou encontrando uma caixa no fundo do guarda-roupas,abriu-a lentamente,pensando em jóias ou bordados.Encontrou uma câmera. Tentou liga-la,após enamora-la por um longo tempo.Funciona.
Começou filmando os gatos na cesta,mostrou o teto,o criado-mudo,as velharias,o seu passado e seu presente.Não imaginava que havia uma câmera em sua casa;onde de electrônico só havia seu celular.Ligeiramente foi até a janela,citou palavras soltas,mas,com conexão para ela,naquele momento: Aveia,Gatos,governo,respiração,amor,alegria,tristeza,água,terra,vênus
,Marte,eu,ele,veneno,solidão,pássaros!
Tirou de seu foco o rosto coberto por um véu e voltou a camêra para o céu.E contou tudo que viveu,olhando estrelas.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009



A palavra que escrevo é em si mesma tudo : Se te agradar,fino leitor,pago-me da tarefa;se te não agradar,pago-te com um piparote, e adeus.
Enfim, vamos ao prólogo,não te preocupes;não será tão longo. És pra mim um travesseiro mole,tépido,aromático,enfronhado em cambraia e bruxelas. Cinco minutos contigo bastam!Mas,sempre o exagero é bom nessas histórias de sentimento.
Mas,não vim exaltar-te com palavras Machadianas,porém,não deu para resistir a fazer um conúbio das ideias. Quero lhe dizer que sou um ser emplasto e que minha cura está nessas páginas e nestes movimentos e destes vão-se os sentimentos ,minha respiração pede a tua,minhas perguntas pedem as tuas,minhas palavras pedem as tuas e sei que isso é praticamente nulo.
Você acharia exagero eu dizer que todo esse sentimento que carrego comigo é uma cruz que eu durmo pregada?Se não, posso comparar a outra coisa, sendo mais prosaica,é como um mau jeito no pescoço que de vez em quando dói como bursite. Sei que é uma dor burra,que dói,dói,mesmo...e vai doendo; a dor do amor tem de repente uma doçura,um instante de sonho que mesmo sabendo que não se tem esperança alguma a gente fica sonhando,como eu, a menina boba que vai andando distraída e de repente,não mais que de repente,leva uma topada,um fora,um gelo. E depois? Um sorriso de palavras. E vivo nesse humilde sentimento ridículo e imponente e o desanimo que as vezes invade o corpo e a alma e a vontade de chorar ou até mesmo morrer, ou melhor 'viver de amor'. Byronismo cansa,Realidade espanta e amor...

Se alcança!

Vai,busca teu café.
Que depois eu chego por aí.




P.s: Depois de tanta revolta...a Calmaria da poetisa.

sábado, 3 de outubro de 2009


''O Brasil é um país que anda para frente!'' (JUCA CHAVES)
Isso numa apresentação, e claro,andando para trás.
E o mais engraçado é que o Brasil continua andando para trás e sorrindo pensando estar andando para frente!



Tão desgostosa com o Brasil que não consigo nem escrever mais sobre o dito cujo.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

O GOVERNO MANDA DIZER: NÃO ESTAMOS ENEM AÍ PARA OS ESTUDANTES.

EXTRA!EXTRA!
O Brasil mostra mais uma vez sua VIOLENTA FALTA DE RESPEITO PARA COM OS SEUS CIDADÃOS.
Mais uma vez o Brasil mostra seu descaso para com os seus cidadãos.
Mais uma vez o BRASIL Mostra sua veias de corrupção!
Mais uma vez o BRASIL AGRIDE OS ESTUDANTES!AGRIDEM A EDUCAÇÃO...
A educação no Brasil sempre ficou em segundo ou até em NENHUM plano.Para dar um exemplo vou ressaltar o governo de Juscelino Kubitschek com o seu plano :

BRASIL: 50 ANOS EM 5.

A prioridade dele foi:Energia,Industria,Transporte,Alimentação,Saúde e Educação.
Que bonito!Mas,Educação em Ultimo lugar?
Quem constrói o país? Pessoas com estudo,não?
O que diremos de Jânio Quadros?
Varre varre vassourinha!!!??
Seria bom ele voltar e "Varrer toda a corrupção do Brasil!" Mas,forças ocultas o fariam participar também da corrupção...
João Goulart!!!!!!!
Tantas medidas populistas....
Ai que "bom",ao menos fez algo pela educação,mesmo que seja só pela educação Superior.


O BRASIL DE HOJE

O Brasil de hoje é tudo que não quero para minha futura família.
Um governador marionete,que encanta-se por qualquer frase feita com segundas intenções Norte -Americanas e ainda faz questão de repetir outras.Analfabeto,diz que é do povo,diz que tudo melhorou em seu governo.
Mas,NEM TUDO melhorou.
E não é só culpa dele. É culpa de todo um sistema.QUE SEMPRE FOI FALHO.
E falho em todos os sentidos possíveis.
Prova disso é O ENEM que foi adiado.


E tudo já começou errado.
Além da muvuca causada pela noticia do novo ENEM quase no MEIO do ano, dos protestos,dessa unificação ridícula,dessa falta de SIMULADOS,uma vez que foi prometido TRÊS SIMULADOS antes do Enem acontecer ....
A greve dos correios;
Greve dos bancos;
Bom... Tantos "sinais" de que isso não iria dar certo...
Essas medidas tomadas pelo governo,de ultima hora, sobre o ENEM foi somente jogo de interesses para superar o raking mundial de educação,uma vez que o nosso país ficou num dos últimos lugares,perdendo em Educação até para países da África.
Não adianta somente "fingir" que o país tá bem nesse viés. Eles (Os Governantes) tem que construir certas medidas para a Educação melhorar e não fazer com que as notas aumentem,juntando pessoas de colégios particulares e públicos e "jogar" a nota para o exterior e dizer: Tá aí! Melhoramos!!!

E depois o ridículo presidente da ..."suposta" República dizer: SIM!NÓS PODEMOS!
Nãaaaaaaaao.NÓS NÃO PODEMOS COM VOCÊ!

E o Brasil é um país que vai pra frente!
(Pra frente dos bois,dos carros,dos jegues... O País suicida)

E a forma de Educar e de aumentar índices é falha,sempre foi falha.
Só usam o ENEM para burlar os índices.
Até nisso o Brasil é corrupto!
E é por isso que vamos TENTAR fazer um PROTESTO, NO DIA 03 DE OUTUBRO AS 13 HORAS HORÁRIO DE BRASÍLIA NA FRENTE DA FEDERAL.
O problema dos estudantes,desse momento histórico, é que eles NÃO se juntam. Tem medo, não sabem a força que possuem!
VAMOS MINHA GENTE,CAMISA PRETA!
MOSTREM-SE INDIGNADOS!

LINKS:
RANKING MUNDIAL DE EDUCAÇÃO:http://educacao.uol.com.br/ultnot/2007/09/28/ult105u5904.jhtm
ENEM (NOTICIA DO ADIAMENTO) : http://www.inep.gov.br/imprensa/noticias/enem/news09_33.htm
ENEM(NOTICIA DO SUPOSTO ROUBO/VAZAMENTO DAS PROVAS) : http://www.agora.uol.com.br/saopaulo/ult10103u632218.shtml

ORKUT/ENEM OFICIAL :
http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=6069754

ENEM/UNIFICAÇÃO DO VESTIBULAR - PERNAMBUCO -COMUNIDADE/ORKUT :
http://www.orkut.com.br/Main#CommMsgPost?cmm=86077677&tid=5387701491159463819