Mas,algo nela falava para mim,eu sentia isso.Ou o meu inconsciente escutava e gritava para o meu consciente para ele esforçar-se a escutar aquela música.
Andei em direção contrária a música,com medo do que poderia descobrir,como uma covarde.Mas,aqueles Bons ares sopravam e traziam os sons produzidos lá longe até meus ouvidos.Embriagando-me em movimentos que acompanhavam a melodia,meus pés não seguiam mais o que meu cérebro ordenava;já possuia ritmo próprio,acompanhava a melodia e o meu corpo enroscava-se nas notas musicais.Quanto mais me afastava do som,mais ele corria em minha direção.
De repente,o som calou-se.A dança ritmática virou lembranças e solidão.
Percebi que havia me afastado de mim mesma,corri em busca do meu 'eu',encontrei-o muito distante,onde supostamente havia saido toda aquela música.Encontrei-me de boca aberta, e era dalí que saia aquela melodia.
Espantei-me,obviamente porque dantes nunca tinha visto cena mais estranha.
Delicadamente fui indo mais proxima,até conseguir tocar naquela cena;assim que toquei,o espelho virou-se.Como eu podia ver minha alma?E como corri dela?
Não sei. Passei muito tempo correndo,e o silêncio tomou conta de mim,consegui chegar em um lugar onde havia muitos carros,muita gente,mas,era frio e um tanto úmido,as vezes seco,não sei direito,estava em estado de choque.
Parei finalmente perto de um botequim,de nome "Superbarroco".Resolvi adentrar e ver o que tinha por lá,tanto pessoas quanto comes e bebes.E escuto aquela música ,que me havia tocado n'lma outrora.Sentei-me,pedi um café com chocolate e menta.Resolvi escutar aquela música até,supostamente,o seu fim.Que não houve,ou ao menos parecia não ter fim.Peguei meu casaco marron e coloquei-o na cadeira da frente.Pedi a garçonete um papel e uma caneta,prontamente ela veio com uma folha A4 Verde-musgo e uma caneta preta que parecia ter sido usada muitas vezes,mas,sua tinta continuava ,como dizem,cheia.Comecei colocando a data,por extenso: Quinze de Novembro de Dois mil e dezoito.Resolvi tentar descrever aquela melodia,me joguei em seu eletrizante arranjo.Terminei desenhando várias bolas,setas,personagens,escrevi várias vezes o meu nome,desenhei arcos,arco-iris,corações e garrafas d'agua.
Alguém observava aquela cena,estranha cena.Alguém guardava o lugar de seu par,enquanto dançava sentada,com uma caneta na mão,um homem imaginava,olhando aquela Mulher, de brilhantes olhos castanhos,com boca rósea,pele com ar de assustada,cabelos grandes e altos,um tom loiro,que ele não identificava,mas,que encantava-o.Ele não sabia se estava em Paris ou Veneza.Não sabia,somente sonhava com aquele ser.Mas,institivamente,não conseguia aproximar-se,por conta da temida cadeira com o casaco marrom.
Enquanto ela deliciava-se tomando seu café,percebeu que era observada.Pegou seu casaco,juntou todas as folhas que teria usado ,chamou a garçonete e pagou-lhe pelo seu atendimento e pelo café;ao menos saiu ganhando caneta e folhas.Foi andando naquela cidade,da qual,ainda não sabia-se de onde tratava-se tanta beleza.Foi ao longe,chegou a uma praça.
Tentou falar com alguém,mas,esse alguém,não era comunicável.
Aquele Senhor,de olhos esverdeados,cabelos pretos,costeletas e roupas bege e marrom ia em sua direção,desesperado.Sabia que ela era uma das dele.
Avistou-lhe mais próxima,gritou por "Muchachita!".Eu prontamente virei-me.Havia algo,não sabia ao certo,mas,ele aproximou-se e dentro de seu bolso tirou um Mp4.Era dali que saia a música que fazia-lhe tanto bem,que trazia-lhe tantas memórias.Sorri.Não havia o que dizer.Ele pegou-me pelo ombro,sorriu,perguntou-me o que estava fazendo por alí.Contei-lhe que havia fugido de meu lado poeta,ele sorriu e disse:Onde encontrarás tua face perdida?Estaria tua face no espelho perdido de outras poetas? Respondi-lhe que havia ficado em meu passado,que não tinha mais tempo para exercer um trabalho-lazer que fazia-me tanto bem.
Pensei rapidamente que estava falando com um Poeta. E atropelando esse pensamento,ouvi-lhe dizer que também escrevia por prazer e que alí onde estava era um exílio de poetas que queriam fugir do mundo dos negócios e ir profundamente no seu Eu e por isso não conseguia comunicar-me com demais pessoas.Duvidei dele.Mas,fez-me tão bem,que deixei-me ir.Fui abrindo minhas gavetas,mostrando-lhes minhas produções de outrora; trocamos poesias,poemas,crônicas,contos e fizemos um conúbio de poesias,aliterações,Metáforas e Imaginação.
Perguntei-lhe como eu conseguia me comunicar com ele e com os demais não.Respondeu-me com um sorriso forte e doce: Eu habitava em teus poemas e tu ,nos meus.
Descobri,todos aqueles amores de que eu amei e aumentava completamente me meus poemas,eram,na verdade,dirigidos a uma pessoa que amava-me de longe.E eu amando quem estava perto.Como ele reconheceu-me?Não sei.
Num outro dia,regido de muita poesia e café,morremos ao lermos juntos uma pequena nota no jornal,que dizia: Sé útil a alguien .
Sem perceber,os poemas e as poesias tornaram-se reais,todo aquele amor,enfim,existia.
Fiquei sem palavras.
ResponderExcluirMaria Bethania cantando essa música com ele é um escaaaaaaaaaaaaaaaaaaandalo, absurdo!!!
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