sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Cafénos Bons Ares ,de fundo,Chico.

Uma música lá longe se escutava,mal dava realmente para identificar quem cantava aquela bela melodia que parecia ser soprada pelos ventos.

Mas,algo nela falava para mim,eu sentia isso.Ou o meu inconsciente escutava e gritava para o meu consciente para ele esforçar-se a escutar aquela música.
Andei em direção contrária a música,com medo do que poderia descobrir,como uma covarde.Mas,aqueles Bons ares sopravam e traziam os sons produzidos lá longe até meus ouvidos.Embriagando-me em movimentos que acompanhavam a melodia,meus pés não seguiam mais o que meu cérebro ordenava;já possuia ritmo próprio,acompanhava a melodia e o meu corpo enroscava-se nas notas musicais.Quanto mais me afastava do som,mais ele corria em minha direção.
    De repente,o som calou-se.A dança ritmática virou lembranças e solidão.
Percebi que havia me afastado de mim mesma,corri em busca do meu 'eu',encontrei-o muito distante,onde supostamente havia saido toda aquela música.Encontrei-me de boca aberta, e era dalí que saia aquela melodia.
Espantei-me,obviamente porque dantes nunca tinha visto cena mais estranha.
Delicadamente fui indo mais proxima,até conseguir tocar naquela cena;assim que toquei,o espelho virou-se.Como eu podia ver minha alma?E como corri dela?
Não sei. Passei muito tempo correndo,e o silêncio tomou conta de mim,consegui chegar em um lugar onde havia muitos carros,muita gente,mas,era frio e um tanto úmido,as vezes seco,não sei direito,estava em estado de choque.
      Parei finalmente perto de um botequim,de nome "Superbarroco".Resolvi adentrar e ver o que tinha por lá,tanto pessoas quanto comes e bebes.E escuto aquela música ,que me havia tocado n'lma outrora.Sentei-me,pedi um café com chocolate e menta.Resolvi escutar aquela música até,supostamente,o seu fim.Que não houve,ou ao menos parecia não ter fim.Peguei meu casaco marron e coloquei-o na cadeira da frente.Pedi a garçonete um papel e uma caneta,prontamente ela veio com uma folha A4 Verde-musgo e uma caneta preta que parecia ter sido usada muitas vezes,mas,sua tinta continuava ,como dizem,cheia.Comecei colocando a data,por extenso: Quinze de Novembro de Dois mil e dezoito.Resolvi tentar descrever aquela melodia,me joguei em seu eletrizante arranjo.Terminei desenhando várias bolas,setas,personagens,escrevi várias vezes o meu nome,desenhei arcos,arco-iris,corações e garrafas d'agua.
        Alguém observava aquela cena,estranha cena.Alguém guardava o lugar de seu par,enquanto dançava sentada,com uma caneta na mão,um homem imaginava,olhando aquela Mulher, de brilhantes olhos castanhos,com boca rósea,pele com ar de assustada,cabelos grandes e altos,um tom loiro,que ele não identificava,mas,que encantava-o.Ele não sabia se estava em Paris ou Veneza.Não sabia,somente sonhava com aquele ser.Mas,institivamente,não conseguia aproximar-se,por conta da temida cadeira com o casaco marrom.
        Enquanto ela deliciava-se tomando seu café,percebeu que era observada.Pegou seu casaco,juntou todas as folhas que teria usado ,chamou a garçonete e pagou-lhe pelo seu atendimento e pelo café;ao menos saiu ganhando caneta e folhas.Foi andando naquela cidade,da qual,ainda não sabia-se de onde tratava-se tanta beleza.Foi ao longe,chegou a uma praça.
Tentou falar com alguém,mas,esse alguém,não era comunicável.
         Aquele Senhor,de olhos esverdeados,cabelos pretos,costeletas e roupas bege e marrom ia em sua direção,desesperado.Sabia que ela era uma das dele.
Avistou-lhe mais próxima,gritou por "Muchachita!".Eu prontamente virei-me.Havia algo,não sabia ao certo,mas,ele aproximou-se e dentro de seu bolso tirou um Mp4.Era dali  que saia a música que fazia-lhe tanto bem,que trazia-lhe tantas memórias.Sorri.Não havia o que dizer.Ele pegou-me pelo ombro,sorriu,perguntou-me o que estava fazendo por alí.Contei-lhe que havia fugido de meu lado poeta,ele sorriu e disse:Onde encontrarás tua face perdida?Estaria tua face no espelho perdido de outras poetas? Respondi-lhe que havia ficado em meu passado,que não tinha mais tempo para exercer um trabalho-lazer que fazia-me tanto bem.
            Pensei rapidamente que estava falando com um Poeta. E atropelando esse pensamento,ouvi-lhe dizer que também escrevia por prazer e que alí onde estava era um exílio de poetas que queriam fugir do mundo dos negócios e ir profundamente no seu Eu e por isso não conseguia comunicar-me com demais pessoas.Duvidei dele.Mas,fez-me tão bem,que deixei-me ir.Fui abrindo minhas gavetas,mostrando-lhes minhas produções de outrora; trocamos poesias,poemas,crônicas,contos e fizemos um conúbio de poesias,aliterações,Metáforas e Imaginação.
            Perguntei-lhe como eu conseguia me comunicar com ele e com os demais não.Respondeu-me com um sorriso forte e doce: Eu habitava em teus poemas e tu ,nos meus.
            Descobri,todos aqueles amores de que eu amei e aumentava completamente me meus poemas,eram,na verdade,dirigidos a uma pessoa que amava-me de longe.E eu amando quem estava perto.Como ele reconheceu-me?Não sei.
            Num outro dia,regido de muita poesia e café,morremos ao lermos juntos uma pequena nota no jornal,que dizia: Sé útil a alguien .


Sem perceber,os poemas e as poesias tornaram-se reais,todo aquele amor,enfim,existia.


'' Hoje o samba saiu...Procurando você...Quem ti viu,quem te vê..."

2 comentários:

  1. Maria Bethania cantando essa música com ele é um escaaaaaaaaaaaaaaaaaaandalo, absurdo!!!

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