domingo, 18 de abril de 2010

A un gato

A un gato


No son más silenciosos los espejos
ni más furtiva el alba aventurera;
eres, bajo la luna, esa pantera
que nos es dado divisar de lejos.
Por obra indescifrable de un decreto
divino, te buscamos vanamente;
más remoto que el Ganges y el poniente,
tuya es la soledad, tuyo el secreto.
Tu lomo condesciende a la morosa
caricia de mi mano. Has admitido,
desde esa eternidad que ya es olvido,
el amor de la mano recelosa.
En otro tiempo estás. Eres el dueño
de un ámbito cerrado como un sueño.

                                                 Borges
Me sonrie con sonrisa puntual Y me besa con boca de mentol
 
                                                 
   

Ela desatinou

Ele dança com os olhos, com as palavras, com o vento, com os dedos...
Ela dança com aqueles olhos, com aquela boca, com aquele vento que envolve-o.
Parece estar distante e está tão próximo, e  n'outras vezes parece o contrário.
Creio que a vida está chegando . - A vida da poesia?  - A vida na poesia?





As palavras se confundem, a música flui, o sentimento evolui, ''O tempo passou na janela e só Carolina não viu...''

Isso não foi para rimar, isso não foi para cantar, isso não foi para se apaixonar. Isso foi para chorar, vomitar, jogar o que ainda há ou havia.
Eu ainda espero aquele voo não dado, aquele abraço apertado, aquela lágrima que derreteu meu rosto, aquele aperto que sufocou meu corpo, aquele que não existe.

Não, eu não fui. Mas ainda irei. Ou melhor, estou indo!
Até, beijos.

"Bye bye Brasil a última ficha caiu....."



Minha vida está lá.
Mas... começou aqui e vai se desenvolver aqui.

sábado, 10 de abril de 2010

Me encantó

''Para que sea tu vida
más profunda y más hermosa
mírala con dolorosa
mirada de despedida ''

Roxlo

segunda-feira, 22 de março de 2010

Vivendo no mundo dos rastros

Um rastro de perfume invadiu o meu quarto nesta manhã. Era um cheiro de lavanda com um toque de coco. Pelos passos tímidos e ao mesmo tempo fortes, percebi que era eu mesma.Não entendi muito o que estava acontecendo.Eu havia morrido? O que havia acontecido?
Um toque aveludado em meus lábios me fez despertar, era o vento que chamava pelo mar, o mar das minhas ideias! Resolvi me embriagar com aquele perfume que me envolvia como quem quer alucinar. Peguei o velho caderno de anotações e sentei-me no parapeito da janela. O vento forte fazia meus cabelos delirarem sob o muno, cada fio buscava uma emoção distante, sentia que aquela que estava ali não era eu e sim o meu Eu.
Um rastro de alucinação dominou-me, o vento forte jogou-me para o computador fazendo-o ligar "sozinho". O toque sutil dos longos dedos ,magros, impõem o devido respeito, e que me fora dado por direito. Sentei-me na cadeira, levantando-me do chão, nasceu uma ideia no fundo da emoção, escolhi o universo como motivo de admiração.
Um toque aveludado de desespero encostou-se em mim, levei o mundo nas costas desde que nasci. Pensei em jogar todo esse mundo fora, mas isso não poderia ser feito. Fica como decreto-lei : Nasceu pra ser poeta e pra carregar dentro de si e em suas costas o mundo. Mundo este que a devora a cada segundo, mundo  este que é grande e ao mesmo tempo pequeno, mundo este pronto para soprar novamente os ventos para fazê-la afastar, mundo este, mundo aquele. Mundo pílulas enfervencentes de targifor C, mundo do rivotril, mundo do Coristina D, mundo das palavras, da linguagem, da comunicação alterada, dos sons eletrizantes, das horas que ora passam rapidamente, ora passam como 1 dia = 78hrs, mundo com garrafas d'água o tempo inteiro, mundo com canetas, papéis e livros.
Um toque e um rastro fazem muita coisa.
Trocam sorrisos como quem troca de amor, trocam de música como quem troca de curso, trocam de rastros como se fosse sábado, trocam de amizades como se fossem descartáveis, trocam de emoções como quem é, e sempre será, hipócrita! Aquela troca de emoção para satisfazer o outro, aquela troca superficial, humana e que nunca sai de "moda".
"Preciso, precisamos da verdade nua e crua..." Belchior já dizia.

quarta-feira, 17 de março de 2010

A velhice verbal e humorística

O pior momento para escrever, qualquer coisa, é antes das 3 da manhã.
Não sei o que acontece, mas deu vinte e três horas meu cérebro não funciona mais tão bem!  Creio que estou ficando velha.
Estou no meu pior momento: Tendinite, deficit de atenção para com a linda gramática, falta de criatividade, idade avançada, indiretas de afastamento e recusa ao que ainda me sobrou de romantismo. Mas, Caro leitor, creio que não estais desejando ouvir os lamentos desta velha! Eu creio que estou ficando velha. A idade mental comprova.
Tomarei a dose da juventude necessária para acordar novamente como uma garota normal e praticante de uma linguagem culta- ao menos na escrita-.

Mas... Antes uma teoria: Derivações de palavras quando ditas sem pensar ficam uma bosta! Principalmente quando escritas e esquecidas ali sem o senso de humor que você teve naquele dado momento.


Eis que dormirei tranquila depois de explicar a mim mesma o erro ou 'pseudo'(?) erro que cometi.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Saudades do que nunca se teve

Depois de tanto tempo percebi que pessoas não fazem falta- nem sentem falta de verdade-, principalmente as de longe. Se hoje falo delas é por saber que apenas existem em um passado quase que remoto da minha memória. Meu subconsciente pede para falar delas, não por saudades....Mas, por algo sem palavras. Talvez até para forjar uma saudade repentina.

- Sente-se assim?Conte-me mais.
- Sinto-me na esperança de encontrar algo muito bom lá. Tenho certeza que encontrarei minhas saudades verdadeiras por lá.
- Por lá?Donde fica esse 'lá', Júlia?
- Não poderei explicar-te com palavras.
- Precisa me explicar pr'eu poder te ajudar.


Júlia levanta-se do Divã, recolhe seus longos cabelos ondulados negros e levanta-se, ainda com as mãos ao redor dos cabelos. Entra no banheiro do consultório e leva sua bolsa. Seu Borges não entende, mas espera no silêncio daqueles olhos expressivos e brilhosos da juventude de Júlia.


-Júlia?   Disse Borges ao bater na porta do banheiro.
- Espere um momento.
Júlia estava carregando o seu mp3, prestes a colocar Piazzolla para seu analista entender do que ela sentia falta e o que realmente gostaria de falar.

- Júlia.... Não faça besteira!
- Calma, Borges.

Júlia saiu do banheiro e deu play. Borges não entendia o que ela queria dizer com a música.Esperou pelas reações desta, que vieram em seguida, com danças e choro.
- Sinto saudades das pessoas de...

Júlia desmaiou nos braços de Borges.
E...  Quem escreveu... sofreu de saudades eternamente.

domingo, 24 de janeiro de 2010

Negando


Negar algo essencial deveria ser crime.
Mas pagar  na mesma moeda é Humano.
Como saber onde estar o erro?
Será que realmente existe um erro?

Há erro se houver esquizofrenia?
Há erro se houver bipolaridade?
Há erro se houver autismo?

Negar algo para um desesperado é o mesmo que cuspir em sua cara, eu não gostaria de fazer isso e consequentemente não gostaria de receber.

Há algo de sensacionalista no ar...
Sinto esse cheiro de longe!
Melhor parar.


Não, acho que ainda não devo calar!
Há muito o que falar, porém em um post só não vai dar.
Fiquemos por aqui, antes que eu prove que sou bipolar.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Melodías de dolor


"Descubrimos vos y yo
en el triste carnaval
una música brutal
melodías de dolor
Despertamos vos y yo
y en el lento divagar
una música brutal
encendió nuestra pasión
Dame tu calor
bébete mi amor"

Embebedando-se ao som de um tango surgiu um belo amor.
Amor sem fronteiras.
Amor sem barreiras.
Amor sem limites.
Amor?
Platônico.

Saindo à francesa.



Como toda segunda-feira, Sofie chegava do trabalho e ia logo checar seus e-mails, enquanto, no micro-ondas estava um café, quase pronto. Ao checar seus e-mails, Sofie resolveu aparecer 'online' em seu mensageiro virtual. Com seu parecer , o George foi logo adiantando-se para chama-la para ir a um Festival de Filmes Francês e Brasileiro. Sofie ficou surpresa e espantada! Por ela, sairia até sem comer. Só para ver aquele ser Humano que alimentava seus sonhos.
Tudo marcado. Quinze horas, na Cafeteria da Rua Paulo Féval, chamada de Madame François.
George sai do mensageiro instantâneo.
Dirigi-se ao seu guarda-roupa, pega uma camisa branca , procura o cartão telefônico, tenta localizar sua mãe   para avisa-la de que sairá com uma amiga, já que ele ainda morava com ela.
Sua mãe mostrou-se a favor de sua saída, uma vez que George realmente precisava ver mais pessoas.
Ele se senta na cama e fica nervoso por alguns segundos ,repreende-se, sempre foi muito frio. Não queria deixar de ser logo naquele dia. Sempre gostava de sair por cima. Vestiu-se rapidamente, esqueceu até de confirmar se Sofie iria mesmo. Colocou perfume .

 Sofie não sabia o que vestir, sentia-se gorda, sem jeito, sem graça.
Vestiu uma roupa que mal cabia nela, aliás, sobrava tecido.
Mas, foi coberta de flores, numa áurea de medo e angustia. Tentou enrolar os cabelos, seca-los, mas, não deu tempo. Perdeu muito tempo tentando achar uma roupa adequada. Ela era do tipo que só se vestia de um jeito só, e quando inovava, errava.
George almoçou, mas, parecia não sentir fome. Ele queria realmente ir, não interessava com quem iria. Viu em Sofie alguém para acompanha-lo e fazê-lo rir.

Rápido.
O Trem das 3hrs.
George subiu rapidamente. Não sabia onde pôr a mão.
Trem rápido, com pessoas das quais ele nada compartilhava a não ser a pressa.
Do outro lado da cidade encontrava-se Sofie , conversando com sua mãe sobre a saída que iria fazer com George. Depois de uma pequena conversa, Sofie vai andando para a Madame François.
Lá,tira de sua bolsa um Livro que continha uma peça Teatral de Millôr Fernandes. Desespera-se, pensando que tinha sido esquecida por George.


Ela nunca teria visto George tão de perto. Olho no olho.
Eis que surge um individuo estranho, mas, apaixonante e delicado.
Ela se aborrece pela demora mas mesmo assim vai até ele. Reconhecem-se. Não se tocam com o tato, é um encontro de almas.

(...)


Todas as palavras foram soltas, no ar.
Caminharam levemente, numa estrada onde não parecia ter fim.
Foram parar no Sol.
Lá, havia um trem. Quando entraram, já estavam assistindo 'Z' .
O filme passou tão rápido e logo, vieram outros: curtas, Longas,Documentários.
Sofie sentia-se vazia, pois, através dos olhos de George, ela conseguia captar tudo que havia no seu profundo ser.

(...)
George manteve-se muito cauteloso, tocou-a algumas vezes para oferecer algo.
Sofie  nada queria. A não ser ver os filmes.
Horas a fio.
(...)
Dormiu.
Quem?
- Sofie.Sofie. (?)





  • Hãaam?








  • Vamos embora. Acabou.

    Pobre Sofie! Tudo não passou de um sonho escarrado n'agua.



quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Tédio


Vinte e cinco graus.
Nuvens cinzentas.
O céu vai desenhando a chuva que está por vir.
O latido dos cachorros são envolvidos com o barulho das motocicletas.
Os pensamentos, ah...Os pensamentos...
Tão longe e tão perto!
Longe daqui e perto dalí.
Trancada no meu próprio mundo vou vivendo palavras que estou afim;
Sempre buscando coisas que não tem fim!

Vinte e cinco graus.
Gato Preto na janela.
Luz acessa.
Quase seis horas da tarde.
Campainha toca.
Ninguém.

E o tédio corre solto nas veias, a vontade de sair não é mais forte do que a de ficar em casa.
Minha agenda só foi até 2009.

Vinte e cinco graus.
Cachorro latindo sem párar.
Morando em Avenida.
Relembrando as velhas poesias que hoje não saem mais.
Desenhando Mafalda para passar o tempo.
Escutando Belchior pra aumentar o sofrimento.

E o tédio corre solto nas veias.
O céu escureceu.
Continua em 25 graus.
A previsão é chuva.
Bela quarta- feira.
Estou esperando a sexta.



Somente para saber que é sexta- feira.


Bendito seja o sábado.
                           
Passou, passou.
Mas, isso tudo não quer dizer que eu não goste de dias chuvosos.
É que a neblina mais o tédio...

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Adentrando


Sabe quando você fica longe de você mesmo por um tempo?
Se não sabe, um dia saberá.


Encontrei-me com sonhos, cores e músicas.
Tomei um chá alucinogéno.E quem vai dizer que não?
Quase me perdi na imensidão.Imensidão esta que é o mundo.
Resolvi adentrar no sertão.Apertar o botão e dizer: Basta.
Basta de mim, de pensamentos, desse turbilhão maluco que me invade de vez em quando.
Foi preciso um balanço, recuperar aquele saldo negativo que dantes existia, pegar o telefone e desligar por uns 20 dias,excluir/bloquear amigos que eu nem mais queria,excluir aquelas fotos que nem existiam,ligar o rádio e dançar o que ninguém queria.

Sabe,o melhor amigo do homem aqui na Terra não são os cachorros.São os Gatos.
Aquele mistério envolvente, aquela alegria, aquele lamber,aquele afago que só eles conseguem dar.
Eles riem com os olhos quando ao ti vê passar se esfregam sem parar.
Quase que um retiro espiritual sentar-se e ver-se sendo envolvido por gatos, tão ternos, carinhosos e cheios de amor nos olhos.

Encontrei-me com muitas simbologias, com muitas seitas, com muitas profecias, com muitas mágicas e coisas que são pesadas, para mentes, digamos, ainda não preparadas.
Quando você enxerga o mundo de uma outra forma é dito como louco.E que seja.Mas, está consumado.Foi consumado a bastante tempo.E vejo desgraças por todos os lados, via desgraças em minha própria pessoa.

Dias desses estava eu em um ônibus, não havia mais cadeiras.Fiquei em pé.De repente, pensei : Ocorrerá um acidente em plena Av. Agamenon Magalhães.Segundos depois, ocorreu. Um gol branco bateu em uma moto e a moto bateu em uma palhaça de trânsito.Sua peruca colorida voou longe.Todos os palhaços de trânsito gritando "Pára, pára" para o motoqueiro.Não houve como.Em segundos o ônibus partiu.E lembrei diversas vezes do que tinha pensando antes "Um acidente em plena Av.Agamenon Magalhães" e repetiu-se diversas vezes aquele acidente, a moça batendo com o rosto no chão e a peruca voando, e a sua placa que parou quase que no canal.

Como eu ia dizendo, encontrei-me com cores.
Por esses tempos andei desenhando.Não algo próprio ou bonito.Riscos de Quino foram tentados.E creio que, funcionaram.
Encontrei-me com sonhos, aqueles sonhos que se juntam e correspondem à colagens aleatórias de revistas diversas, ora baratas, ora caras.
Encontrei-me também com músicas. Estas que me deixam um tanto aliviada.Mas, soube de uma perda.Uma grande perda:Lhasa de Sela. Foi-se. E não digo mais nenhuma palavra.
Ainda encontrei-me com música viva, que aprofundou-se em minh'alma. Gritei bastante nelas. Era necessário. Na felicidade eu estava triste, muito triste.

Fui à peças. Nenhuma de bom grado.
Vi filmes, nenhum espetacular até o dado momento.
Vi pinturas, obras de arte em geral. Nada que me tocasse.
Não estive sensível para com coisas do mundo.
Estive em outra dimensão.
A minha dimensão.
Eu estive.... Dentro de mim.