Cansada.Em silêncio gritava.'Esperniava'.Não sonhava nem tinha pesadelos.Aquilo estava acontecendo.Queixo tremendo,febre leve.Com suas pernas juntas,com um blusão apenas,que cobria-lhe a alvura das coxas,com olhos d'água,boca seca,sangue na fronha.Cobria-se toda,com lençóis coloridos,nada de acordo com aquele triste momento.Seus cabelos molhados exalavam um cheiro jovial naquele ambiente 'cor de abacaxi dourado',sua pele transpirava morte.Até pensou que poderia ali mesmo matar a sua própria cabeça.Mas,passava-lhe diversas coisas na cabeça e não conseguia pensar em uma só apenas.Uma interessante.Pensava que iria ficar ali por um longo período. Mas,a fome venceu.Levantou-se daquela cama verde,fixou os olhos na janela da frente,via tudo,mas,não via nada.O sol estava forte,ainda.Chorava.Cansada.
Não,ninguém morreu.Ninguém deu "o toco" nela,ninguém meteu-se em sua vida.Nem pode-se dizer que é coisa de adolescente. Pode-se dizer que é coisa de gente sensível ,que sente.Que ama.Mesmo que seja supérfluo o que naquele momento ela tanto amava.Ela mal deixa-me dizer o que aconteceu,manda-me silenciar.Não sei se devo obedecer,mas,a questão não é essa,leitor,a questão é o por que causa essa adolescente chorava ilimitadamente por horas!
Mas,levantou-se e foi para a janela ,como já havia sido dito Foi até o telefone,ligou para todos as funerárias da Av.Caxangá,outro dia raiou. Ao menos viu que morrer valia muito!Se deu uma chance. Raspou seus longos cabelos castanho-claro,colocou um óculos escuro enorme na cara ,vestiu uma calça xadrez verde com cinza e preto,uma camisa preta,sapatos de algodão cru e pegou sua bolsa preferida,com detalhes verdes .Pegou um ônibus na Rua Cônego Barata,rua fresca,cheia de carros do ano,clichês. Nordestinos com cara de abusados. Todos olhavam aquela menina careca. Sem entender!
-Como?
-O que é aquilo?
-É uma mulher?
Todos se perguntavam.
E ela na mente resmungava o quanto era corajosa e o quanto aquelas pessoas eram quadradas. Estava 'emburrada'
Enfim,seu ônibus chegou. Parou no terminal,foi parar no morro da Conceição,êtá!Isso é Recife,isso são as vísceras de uma sociedade!Vamos,adentra!
Encontrou deslizes e até tentou comparar com os seus,mas,nem quis pensar tanto.
Menino nu,menina safadinha,criança chorando,criança tomando água do esgoto,casas sem cores,cinzentas,quando não eram de papel,sim,de papel. Adultos com caras de desgosto,outros com cara de mistério,mas,ninguém olhava para ela Achou aquilo um tanto inusitado,afinal,ela parecia classe média em meio aquelas pessoas .Mas,eles pensavam mesmo é que ela estava em busca de drogas. Mas,,ela não estava. Ou estava? Foi até a casa daquela velhinha,a penúltima casa da rua 5.Uma casa de barro,mas,que em cima estava lá a antena parabólica!A velhinha já avistou aquela careca e pensou:Creio em Deus Pai!Vixii Maria!Que djabos Margarida fez na cabeça!!!!!!!
Margarida deu um beijo em sua avó e esta com todo o amor materno que possuía,também,canceriana... Abraçou sua querida neta e perguntou-lhe o que havia acontecido,mas,ela era só soluços.
Pegou algumas roupas da velha senhora e disse:Vamos sair daqui!
Margarida estava se separando. - Pensou Dona Olívia.
E desligaram-se do mundo e foram saindo daquela podridão,daquela pobreza,Margarida enfim Tirou Dona Olívia dalí.Foram saindo daquela favela e mandaram-se num táxi. Mandaram-se para rodoviária,lá estava Dona Margarete,Mãe de Margarida para as três curtirem a vida de solteira nas ladeiras de Olinda.
terça-feira, 24 de novembro de 2009
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Não que meu comentário sobre a foto invalide todo o seu texto,mas,a foto é linda.
ResponderExcluirE o texto...As reações da personagem..São a tua cara.Quem te conhece logo diz:Que 'q' de Ju.