Vamos a mais um escrito.Mas,lançarei aqui outro viés.Não sei do que se trata,mas,penso em outro tom,não estou me importando se vai ficar bom.Quero lançar as bases ideológicas que me fizeram amadurecer,quero,meus caros e caras,desobedecer.
Desobedecer a ordem pré estabelecida pelo sistema,não quero falar de política,mas,sempre tem que ter a dita cuja no meio.Afinal,vivemos em um mundo com políticos.E estes tem dado muito o que falar.Mesmo com minhas mãos cansadas não me canso de dissertar.Por mais que com prozeamentos nós mudemos a situação...
Quero dizer que se for para continuar,é pegar ou largar.Ou vai com tudo ou vai sem nada.
Vivo numa vida Josefina,pior que Severina.Minhas costas ardem com esse sol,sol este que floresce a terra que me dá de comer,sol esse que nasce para todos,até pra quem está para morrer.
Minha vida foi plantar mandioca para ver aquele Gordo comer.Estou farto e quero transcorrer em linhas e versar sobre o poder.
Homi branco,olhos claros e postura de poder grita com todo o meu sofrer que eu não presto nem para morrer,que a propriedade é privada e que nunca deixará de ser.
Verso aqui sobre as paixões que um dia hei de ter ,não as tenho ,realmente por não poder, quero amar os humanos ,mas,vê,crê,não dá pra entender?
Queria transcorrer com algo laico,mas..Cristo tem poder!Como eu pude não me subverter?
Ano passava e ano adentrava, e eu, o que eu ganhava?Ameaças do cara do poder.
Sofri muito,emagreci muito.E tudo isso pra quê? Para lançar e fincar as bases do capitalismo.Não sou um utópico,não sou um marxista,não sou um anarquista nem sou um segregacionista.Então,o quê?
Eu só vim aqui pra dizer que não aguento mais ouvir tanto "É meu","É Teu"," Nosso carro", "Faça isso","As leis que". Não,não,não.Chega de abuso de poder. Oxi,mas,que coisa pra corromper.É esse tal do poder.Meu Deus,que faço eu pra crẽ que tamanha coisa medonha um dia há de desaparecer?
Oxi,e não podia logo acabar com isso?Dividir as terras e fazer esse povo esfomeado comer?
Não tenho um centavo pro pão,mas,que dor no coração,crio mais de 5 filho e só vivo na miséria sabe porquê?
Porque o capitalismo,meu filho,dominou você.
Ô fiu,num inventa de sair com essas roupa da Coca Cola não.
Fiu,ô meu fiu.
Num faz isso com teu véi pai não.
Disse isso pr'aquele filho infeliz,mas,não me seguiu.Sempre foi o revoltado,que fazia o chão tremer.E o mais cômico é que todas filhas desse cidadão era do MST.
Num sei mai o que dizer,se minhas fiá são do mst, qu eeu faço pra num ser perseguido e morrer?
Oxi,me deito nesse chão e deixo enraizer?Mai,tácumagota.
Tenho que desaparecer?O Sertão virou mar e o mar virou sertão.
Acho que vou ler é cein ano de solidão.
Oxi,mas,peraí que eu nem terminei.
Eu tava dizendo aquilo tudo puskê eu me ferrei.Fui inventar de num trabaiar na roça e ir sambar,mas,fui discansar e risolvi colher umas manga bem roliça que tinha pelalí perto da roça dum Benedito quarquer..Oxi,quando meti-le a mão,foi bala até no chão.NUnca vi tant abala,eita mundiça,oxi,era um canhão.Quasi que murria do coração.
Minino,mai,tu num tem noção. A bala cumeu no centro e eu?Oxi,fugi do sertão!Mai corri pra longe.Fui lá pro mundo Sulistão.
Tomei foi no cu,sai pra ser ladrão.O mndo meu fiu,é o sertão.Aprendi a roubar peralá.As rua tinha nome de gente,tudo tinha dono,ficava com uns medo istranho,soluço,o cu arrepiano,assumbianu.
Tava com medo de ser pego pelos tirano.
Apoi eu só sei qu emar nunca quero voltar peralá,quero me rifugiar in outro lugá mermu.Peguei meeus coco fui pro ciará.Eita lugá gostoso,vai ti daná!Mas,a propriedade privada respira por lá.Ai Meu Deus,o que será?Oxi,acho que eu vou pra outro lugar.
E fui,fui pro Deusdará.
Perdi meus 5 fiu pra cidade grande,aprenderam mais ainda com aquele tipo de Benedito e chamavam tudo que tinhaã de 'meu'.Começaru a amar o dinheiro e o capitalismo floresceu na cabeça daqueles criolinho.
Maldito seja aquele que diz que a terra é sua,
Maldito seja aquele que ama seu dinheiro acima de qualquer coisa e/ou pessoa,
Maldito seja aquele que humilha por ter algo mais,
Maldito seja todo aquele que alimenta o sistema com os Natais.
E não,nem há razão.Só emoção.Impulsivismo.Nada de criatividade.
terça-feira, 22 de dezembro de 2009
segunda-feira, 21 de dezembro de 2009
Dandara ficou Odara
De dentro de seu útero saem pedaços de cartas vermelhas e róseas.
Aquelas lágrimas de sangue,indicando um grande sentimento de culpa que ela nunca teve.
Conseguiu desprender-se daquilo tudo,vomitava de seu útero tudo o que deveria ter sido e que não foi.
Soltou palavras,sentimentos,bebidas,esquecimentos,contestações.
Suas pernas firmes,fortes e brancas gritavam para conseguir dar um passo à frente.
Não se sabia o que passava-se ali por dentro,entre suas pernas.Mas,jorrava-se emoções e caprichos que antes ou quem sabe,ainda tivera/tem.
Na sua boca um gosto doce de baunilha na boca,cheiro de mel em seus cabelos,cheiro de incenso no ar.
Tinha vinte e um anos e todo o pesar do mundo em seu ventre.
As cartas vermelhas foram se acumulando em suas gavetas desde sua adolescência e agora,para escondê-las,engolio-as.Deu nisso.O desapego deve ser praticado,tendo em vista esses imprevistos.
Lembro-me de ter visto-a naquele vestido bonito de chita amarelo guardando aquela suposta ultima carta que ela escondeu tão bem debaixo da caixa laranja dos seus sapatos de ballet.
Culpou-se como se fosse uma foragida da lei,uma subversiva - e era,dela mesma- louca,impulsiva e inconstante.
Descobriu-se como alguém especial,viu que aquilo deveria ser algo que só ela possuía.Mas,não sabia como surgiu,pensou que fosse por conta da bebida que tomou ontem.Ou ainda o novo desodorante que ela havia testado,mas,naão.Não havia explicação cabivel.Porra,que merda que aconteceu?
Dandara não tinha ideia do que havia com seu corpo.Os dias passavam,os meses iam e vinham... E seu ventre crescia e crescia mais e mais.Fez dietas,sua barriga crescia.
Dandara lembrou-se que comeu melancia.Mas,disse para si mesma:- Não,nem suponho isso,não sou tão idiota.Não?Vá pro diabo!Não sou.
Na sua inconstância,Dandara saiu de casa,com seu vestido de chita azul , com uma ecoberg cinza e muita vontade de respostas.Despiu-se e jogou-se no mar,sua barriga encolheu,o mar tossiu,o céu escureceu,a porta se abriu ,alguém sorriu e logo coagiu:Menina,Dandara,tu és luz,jóia rara,vem pra cá e deixa de ficar Odara!
Não sabia de onde vinha aquela voz rouca masculina,mas,já havia escutado aquela tal voz.
Gritou: Há alguéeem??
Responderam com eco:Aqui,dentro de ti.
Dandara repreendeu-se com uma tapa em sua própria face e mandou-se calar a boca.Aquela voz insistia.E dizia-lhe:Você me criou.Sou você,seu outro Eu.Dentro de você.E estou para nascer.
Dandara desmaia e é levada pelas ondas do mar,sai de lá com um vestido laranja e a areia da praia estava repleta de cartas nunca enviadas,em cartão vermelho.
Aquelas lágrimas de sangue,indicando um grande sentimento de culpa que ela nunca teve.
Conseguiu desprender-se daquilo tudo,vomitava de seu útero tudo o que deveria ter sido e que não foi.
Soltou palavras,sentimentos,bebidas,esquecimentos,contestações.
Suas pernas firmes,fortes e brancas gritavam para conseguir dar um passo à frente.
Não se sabia o que passava-se ali por dentro,entre suas pernas.Mas,jorrava-se emoções e caprichos que antes ou quem sabe,ainda tivera/tem.
Na sua boca um gosto doce de baunilha na boca,cheiro de mel em seus cabelos,cheiro de incenso no ar.
Tinha vinte e um anos e todo o pesar do mundo em seu ventre.
As cartas vermelhas foram se acumulando em suas gavetas desde sua adolescência e agora,para escondê-las,engolio-as.Deu nisso.O desapego deve ser praticado,tendo em vista esses imprevistos.
Lembro-me de ter visto-a naquele vestido bonito de chita amarelo guardando aquela suposta ultima carta que ela escondeu tão bem debaixo da caixa laranja dos seus sapatos de ballet.
Culpou-se como se fosse uma foragida da lei,uma subversiva - e era,dela mesma- louca,impulsiva e inconstante.
Descobriu-se como alguém especial,viu que aquilo deveria ser algo que só ela possuía.Mas,não sabia como surgiu,pensou que fosse por conta da bebida que tomou ontem.Ou ainda o novo desodorante que ela havia testado,mas,naão.Não havia explicação cabivel.Porra,que merda que aconteceu?
Dandara não tinha ideia do que havia com seu corpo.Os dias passavam,os meses iam e vinham... E seu ventre crescia e crescia mais e mais.Fez dietas,sua barriga crescia.
Dandara lembrou-se que comeu melancia.Mas,disse para si mesma:- Não,nem suponho isso,não sou tão idiota.Não?Vá pro diabo!Não sou.
Na sua inconstância,Dandara saiu de casa,com seu vestido de chita azul , com uma ecoberg cinza e muita vontade de respostas.Despiu-se e jogou-se no mar,sua barriga encolheu,o mar tossiu,o céu escureceu,a porta se abriu ,alguém sorriu e logo coagiu:Menina,Dandara,tu és luz,jóia rara,vem pra cá e deixa de ficar Odara!
Não sabia de onde vinha aquela voz rouca masculina,mas,já havia escutado aquela tal voz.
Gritou: Há alguéeem??
Responderam com eco:Aqui,dentro de ti.
Dandara repreendeu-se com uma tapa em sua própria face e mandou-se calar a boca.Aquela voz insistia.E dizia-lhe:Você me criou.Sou você,seu outro Eu.Dentro de você.E estou para nascer.
Dandara desmaia e é levada pelas ondas do mar,sai de lá com um vestido laranja e a areia da praia estava repleta de cartas nunca enviadas,em cartão vermelho.
sexta-feira, 11 de dezembro de 2009
Amores vãos.
Triste garotinha.Ama tanto.Ou nem ama.Não que ela sempre queira tudo para si,mas,ela prezava pelo amor,pelo companheirismo.Mas,cadê?
Todos os sentimentos ruins vieram à tona.Adivinha!
Pleno século XXI.Internet.Orkut.Blogs.
Ela encontra o inesperado,um depoimento relaxado.De quem mal domina sua lingua.Mas,parece querer dominar o coração do seu tão bem amado.
Ela entope-se de livros,de músicas,não esquece nunca.
Aquelas malditas palavras alimentam o seu ser.Alimentam?Sim,alimentam de todos os pensamentos de perda,de distância,de inferioridade.Ela jura que preza pelo amor Livre.E preza,mas,queria ser mais amada que aquela outra.
E não era?
Pergunte ao outro ser.
Humano?
Não.
Então...?
Do outro lado.
De onde?
Da tela.
Computador?
Não.
Então...?
Daquele quadro que ela avistou em Setembro.
Todos os sentimentos ruins vieram à tona.Adivinha!
Pleno século XXI.Internet.Orkut.Blogs.
Ela encontra o inesperado,um depoimento relaxado.De quem mal domina sua lingua.Mas,parece querer dominar o coração do seu tão bem amado.
Ela entope-se de livros,de músicas,não esquece nunca.
Aquelas malditas palavras alimentam o seu ser.Alimentam?Sim,alimentam de todos os pensamentos de perda,de distância,de inferioridade.Ela jura que preza pelo amor Livre.E preza,mas,queria ser mais amada que aquela outra.
E não era?
Pergunte ao outro ser.
Humano?
Não.
Então...?
Do outro lado.
De onde?
Da tela.
Computador?
Não.
Então...?
Daquele quadro que ela avistou em Setembro.
terça-feira, 8 de dezembro de 2009
Sempre cabe mais um amor no Brasil.
''Todo el mundo sabe que la Tierra está separada de lo sotros astros por una cantidad variable de años luz.Lo que pocos saben(en realidad,solamente yo) es que Margarita está separada de mí por una cantidad considerable de años caracol''
Ora,ora,essa foi a melhor maneira de se começar o dia. Acompanhado de um chá de Camomila,forte,e bem doce. Torradas salgadas e bons e belos gatos aos seus pés. Duas frases que cabiam em seus olhos e mãos,mas,não cabiam mais na sua emoção. Confundia Margarita por Paixão,Confundia Terra com Ilusão. Mal sabia o que se passava no seu coração. Mas,possuía uma certeza,daquelas bem certamente corretas: Estava apaixonada. (Ou não)
Pensava naquela distância como algo bom,algo que poderia soar como 'impossibilidade','sonho',enfim Ilusão.
No auge dos seus 24 anos,Laura apaixonou-se perdidamente pelas Letras. Lia tudo que via pela frente,inclusive dava significados e sentimentos para palavras soltas ditas por um alguem distante.
Morava na capital pernambucana,mas,ao contrário do que se pensa,ela era branca,com cabelos finos e de uma sensibilidade incrível. Nada de modos rudes,nada de comer palma,ou qualquer alimento de animal do Sertão. Lembro-me de uma vez que ela estava na janela com um vestido de chita amarelo,com flores tão pequenas pretinhas,como seus olhos. Seus cabelos dourados que davam voltas como os seus pensamentos,ora bem enrolados,ora somente girando. Suas mãos delicadas encostadas no 'batente' da janela,sorriam com seus dedos longos e delicados,suas unhas desenhavam quadrados harmoniosos com aquela linda pele bege que faziam-me sussurrar seu nome de noite,tentando inconscientemente tê-la em meus braços para ouvir aquelas palavras que eu não entendia nada,falava em espanhol,portunhol,não sei que diabos ela dizia,mas,mexia bastante comigo. Eu brechava-lhe todos os dias. Queria saber o que comia,como se trocava,o que vestiria para trabalhar,onde iria depois do trabalho e o que escreveria naquele grande caderno com folhas amareladas,não sei se do tempo ou da moda.
Depois que ela tomava o chá matinal com torradas,supostamente tomava café,uma vez que eu sentia o aroma daquele café feito na hora,com amor. Suas palavras chegavam até mim num grito de apelo 'Acorda,vem contar minha estória'.E eu logo obedecia. Abria a janela que dava de frente para o seu quarto,mas,só tive a chance de vê-la do jeito que eu sempre quis uma única vez. Mas,antes,quero dizer como era belo até o seu quarto,a cortina era de Tule branco,com um fino véu verde-água,dava para ver o seu corpo bege espumando alegrias,ou tristezas...Lembro-me que ela cantava suavemente algo que falava sobre Ventana. "Abro la ventana y entra la luz con el viento" essas palavras ficaram fincadas no meu coração,nem sei o que significam,só sei falar do meu sertão,e daquelas magricelas ou muito gordas amigas que tive,e nenhuma com tão espetacular beleza desta. Laura....Laura!
Psiu... Vou até a janela,ver se ela ainda está ali. Ela costuma gravar-se falando e cantando,faz entrevistas consigo mesma,conta como foi seu dia e adoro ouvi-la. Ainda escreverei sobre ela para todo o mundo saber como ela é bela. Lembrei-me dos seus traços...Ai ,Laura. Sua boca rosa,tão carnudinha,que chama-me para beija-la levemente e docilmente,seu nariz pequeno,um tanto negróides,mas,fino e delicado,algo inexplicável;seus olhos de lanterna-negra que iluminam todo e qualquer ambiente. Ela ainda não está no quarto,mas,sinto o seu perfume dentro de minha mente. Deve estar tomando banho,pegando naqueles braços bronzeados pelo sol do meio-dia,descendo e enrolando-se nos seus seios grandes,descendo para sua barriga límpida...Suas pernas fortes e longas. Ô Laura!Ai Laurinha!Se eu ti visse como naquele dia...Nuinha,nuinha...Gravando algo que no fim dizias:'Lo que me gusta de tu lengua es la palabra.E saía de mim um :'Sim,sim,eu também',sem nem saber o que falavas...Será que ainda se casas?Tão miudinha,tão perfeitinha,seu cheiro incensava minhas tardes,hoje incensa todo meu dia,cada dia mais entrego-me aos teus passos,aos teus olhos que nem conseguem me ver,as tuas lindas pernas,aos teus seios que palpitam amor à outros sortudos,que não eu.
Trocou de roupa,um vestido verde,encheu seus cabelos de flores,mas,não as vejo,só sinto seu cheiro. Vagarosamente tentarei simular um encontro casual com ela. Nem me olha,sai com uma bolsa de palha na mão,não sei no que ela trabalha,mas,sempre sai e volta nas mesmas horas. Um dia ainda tomo coragem e sigo-a .Não consigo imagina-la com algum homem,nem em meus sonhos tenho-a,nem em beijos ,nem em palavras,em nada,só vejo-a distante,aquela boca dourada,com a pele rosa e os cabelos lanterna negra,e os olhos bege!Quanta confusão,foram os seus cachos que passaram por aqui,não em vão.
Agora,infelizmente tenho que trabalhar. Sou um imbecil funcionário público,mas,sempre tenho tempo para prosear com os animais que crio,tenho muitos cachorros,respiro-os,antes mais,só que agora minha prioridade é a Laura. Formosa Laura. Pupila Laura!Trocarei de roupa,pego logo mais,são 10 horas da manhã. Tentarei tomar coragem e amanhã seguir essa bonita garota. Sim,Garota,tenho 36 anos. Mas,juro que não pareço ter tal idade. Sempre trabalhei ,mesmo sendo de família rica. Sou Souto Maior,cresci e mas não me criei na Rua da Aurora,antes não tão violenta,mas,sempre linda e clara. Fui para o Sertão,meu pai queria ser prefeito de alguma cidade,para roubar,de fato. Só sei Francês,tenho que aprender espanhol rapidamente,preciso falar com aquela senhorita misteriosa,chama-la de querida e tentar jantar com ela. Quem sabe me casar,tendo em vista que nunca me casei,nem sei o que são filhos,mães,só sei o que é sofrimento,de ver meus dias aqui passando roendo-me de vontade de ter Laura. Visto-me agora,todo de linho,o trabalho exige.Escrivão.Conto as histórias de outrem,mas,quase nunca as minhas,mas,eu bem digo aos meus cachorros que um dia escreverei minha vida,eis que aqui faço-a. É meu dever,de virgem apaixonado. Magreza e inteligencia sempre me atrapalharam com as mulheres,isso é fato,mas,lembro-me de Joana,uma putinha da época,queria-me de qualquer jeito,mas,era tão tímido e idiota que não a quis. Ainda bem que não quis,imagina só..Algo(ela) me impediria de ver tão formosura que vejo hoje,com certeza ela não gostaria de morar na cidade na Rua da Aurora,havia de querer um palácio como o que eu morava em Serra Talhada. Maldita Terra de olhos azuis e verdes. Levei comigo tantos olhos verdes,mas,não os possuo. Olhos azuis como o que dizem ser o céu,mal tenho boca e olhos,de tão pequenos. Queria ter aqueles traços negróides,aquele balanço que só ela tem...Laura!
Laura deveria se chamar Ângela,mas,não chama-se assim porque seu corpo é chama. Hoje ficarei na frente de casa,quero falar com ela. Tenho que ter coragem!
Não agüento mais,faltam duas horas para ir para casa,pedirei para ir mais cedo,invento que estou doente,que não me sinto bem...Quero me preparar para vê-la,chama-la para tomar um café,pedir aquele cheiroso café para ela,preciso dela!
Não..Mas..Antes disso,me matricularei em um curso de espanhol. Um intensivo,não sei. Pago quanto for.
Passei em casa,busquei meu talão de cheques,coloquei comida para os cachorros, dei ordens à Maria,uma negra amiga da família,na verdade bisneta da nossa ex-escrava. Mandei separar uma roupa que ela achasse-me bonito nesta,pedi para preparar um banho e fazer um jantar muito especial,aquele jantar que a sua mãe fazia,quando empregada em Serra Talhada na casa de meus pais.Fui ao centro da cidade em uma escola de idiomas,me matriculei. Quinhentos e oitenta e quatro reais sem material incluso. Tudo Por Laura. Antes de voltar para casa fui para o posto de gasolina,encher finalmente o tanque e lá mesmo comprei um ramalhete de flores do campo,seria melhor do que dar rosas vermelhas,não tinha tanta confiança e cara de pau assim.
Fui para casa,deite-me na banheira,pétalas de flores,sachês,incensos. Maria sabia bem como me agradar,pensei até em aumentar seu salário. Passei um tempo pensando em como iria falar com aquela formosa. Mas,embriaguei-me no vinho branco que estava acá. Maria com seus 28 anos,veio trazer-me a toalha,aquela negra pegou-me em maior intimidade comigo mesmo,estava alucinado sonhando acordado com Laura,meu rosto notavelmente estava em transe. Maria,aquela mulata em que nunca reparei mesmo estando comigo sempre e desde que me entendo por gente,estava ali,observando-me,falou baixinho meu nome:Seu Gustavo,o jantar está pronto. Abri os olhos,mas,vi Laura. O êxtase me levou a dizer: Lo que me gusta de tu lengua es la palabra.Maria riu-se de mim,virou as costas,com aquele lindo e nunca dantes visto rabo!Que negra,que mulata!Corri em direção ao corredor dos quartos,de toalha,chamei-a. Ela veio com um gingado nunca dantes percebido,apertei-lhe os seios contra os meios,levei-a até a banheira,fiz-me enfim homem. Que negra maldita!Eu guardei-me para o amor,não para os prazeres malignos negróides!
Pedi para que me deixasse sozinho,a negra pulava de alegria,maldita. Não sentia nada com ela,só via Laura. Ô Laura,que farei agora com as flores que comprei para ti?Já estais dentro de casa,já passou da hora de ver-te. Oito horas da noite.
Chamar-te-ei mesmo assim. Vesti aquela roupa separada pela Maria,Maldita nordestina-africana,e fui bater palmas na porta de Laura. Ela abriu surpresa,e demorou para abrir a porta,pensei em sumir dali,mas,continuei.
-Bonjour,Madame....
-Hola...pero..puede hablar en español,sí?
-Não entendo,posso falar em português?
-Ah,pensei que não soubesse falar em português. Nesse lugar parece que todos os de olhos azuis falam francês!E português parece que só quem fala são os Luso daqui.
-Não bela senhora,nasci aqui,nesse belo lugar,sou filho de português com uma Holandesa. E você,que linhagens?
-Não tenho linhagens tão puras quanto a tua,mas,antes,te digo que sempre tive vontade de falar contigo,sempre que ia na janela estavas lá. Entra para tomar um café.
Nem precisou eu dizer mais nada,que Laurinha mais simpática. Que bonita minha Laura!Aquele vestido rosa,com um decote maravilhoso,aqueles cachos brilhantes e seus dentes tão pálidos!
Entrei e perguntei-lhe na cozinha quais então suas linhagens.
- Sou filha de pernambucanos,nasci aqui aqui mesmo.Minha mãe tem descendentes de Serra Talhada,talvez portugueses,e meu pai é um filho de negro com uma índia.
-Por isso então tens uma cor tão linda e brasileira!
Não pude evitar de dizer-lhe.
Ela riu com uma formosura melhor do que já vi antes.E deu-me o café.
Depois de horas falando bobagens,contando minhas paixões por caẽs,que era escrivão,que nunca me casei e tantas outras coisas ,chamei-a até minha casa,para jantarmos. Maria nos serviu pessimamente,negra burróide,só serviu até o dia que era um ser assexuado para mim e para ela.Não esquentou a comida,fiquei até com um pouco de vergonha,mas,Laura disse-me que já havia jantando e só veio por educação e para continuarmos nossa conversa,segundo ela 'emocionante'.Depois de mais conversas,agora sobre a sua vida,descobri que ela era Radialista e por isso que gravava-se tanto falando,era para aperfeiçoar sua voz e tentar de certa maneira quebrar um pouco o seu forte sotaque boliviano. Contou-me que passou 5 anos morando lá. Nunca casou-se,nem tem filhos,seus pais são separados,sua mãe trabalha no interior como...
- Calma,ela é secretária de do Prefeito de Serra talhada?
-Sim,trabalha faz tempo com ele.
-É o meu conhecido.
Rimos juntos,nunca pensei que fossemos tão próximos assim. E nem sabia o que vinha pela frente. Perguntei-lhe seu sobrenome.
Disse-me: Meu nome é Laura Lima.
- O nome completo?
-Sim,não tenho pai no papel.
-Sua mãe não contou-te nada?
-Bom,sou filha de um parente desse prefeito,mas,não me lembro bem quem é. Mas,lembro-me o nome:Caetano Cavalcanti.
Martelou-se na minha cabeça o nome daquele mal-feitor,meu 'querido' tio. Maldição,ela era prima,embora de segundo grau,prima.
-Que houve?Silencio total!Vai me dizer que é seu pai?
-Não,não...Mas,creio já ter ouvido o nome desse sujeito.
Ela olhou a hora e pediu-me licença,pois teria que trabalhar mais cedo naquele outro dia.
Me decepcionei,que dia!
Encontrei-a diversas vezes,ficamos amigos.
Dançamos várias vezes juntos ,fomos ao teatro,cinema,apresentações ao ar livre.Bastante íntimos.
Aprendi espanhol em 6 meses,mas,obvio,só sabia o básico.
Cheguei para Laura um dia e disse-lhe:- Lo que me gusta de tu cuerpo es la boca...Lo que me gusta de tu boca es la lengua...Lo que me gusta de tu lengua es la palabra,hermosa....
-Alfredo!Que felicidade ouvir-te dizer isso!
Meu coração não controlou-se,beijei-a ardentemente.
-Não!Não!
-Não?
-Não,Alfredo,falava da poesia em si. Mas,já que me beijas tão apaixonadamente...
Continuamos.
Namoramos por anos e anos,casamos.
Um dia ,com peso na consciência de ter duas esposas(Maria e Ela) deixei-lhe um bilhete com um 'tom' de culpa-la sobre tudo que houve entre nós escrevi:
Fui una letra de tango para tu indiferente melodía palabras de Júlio Cortazar,PRIMA!
Sempre indiferente,depois que nos casamos e não conseguíamos ter filhos,cansei de viver de ilusões de tê-la grávida. Enfim,casei-me com outra negra,tive um filho,negro. Matei-me quando este nasceu.
sexta-feira, 4 de dezembro de 2009
Põe dois copos na mesa de madeira.Vem com uma garrafa de vidro que parece mais um jarro de flores do que uma garrafa,aponta para os copos e coloca um suco muito vermelho e gelado;acerola.Ela ainda não entende por que causa ou consequencia,ou até imaginação colocou dois copos.Sempre gostou de coisas em par.Tênis,gatos,luvas,olhos,filmes,casais,copo e garrafa.Sentou-se com seu vestido roxo de bolinhas brancas e tentou pensar no que escrever para um determinado Artigo que deveria ser entregue naquela próxima manhã.O telefone toca,levanta-se rapidamente e vai até o insistente som de 'cricri'.Antes fosse um animal,mas,era mais um daqueles chatos telefonemas que não são pra ninguém.Por conta disso voltou-se para o grande janelão que deste dava para observar toda a vizinhança.Dali observava-se diversos tipos de gente,Maria Vagabunda à Clarinha, santa como a virgem!Descansa seus olhos mirando ao longe uma grande árvore muito verde com pequenas flores em forma de linhas muito róseas.Respira fundo e tenta sentir mais perto,tenta sentir o seu cheiro,o seu gosto é de infância e amor,isso já ficou-lhe claro.Passou grande parte de sua manhã tentando descobrir o aroma que aquela cor despertava de tão longe,po rmais que não fosse fruta,sua mente teimava em reproduzir aquelas linhas rosas como frutas.Cansou-se de ficar em pé por tanto tempo,voltou para a mesa e tomou o restante do seu suco e percebeu aquele copo alí,tão vazio e ao mesmo tempo tão cheio.
Ahhh...Se houvessem alguem para toma-lo!Pensou alto.
Mas,não havia.Sua vida era do janelão para à mesa,da mesa para a cama,da cama para os papeis,dos papeis para os jornais,dos jornais para...Vidinha ciclica.
Pensou em possibilidades de encontrar pessoas e se distrair um pouco,estava muito cansada de ver as mesmas pessoas,aqueles mesmos pensamentos,preconceitos e vaidades.Não,chega.Aquilo já bastava.
Pegou uma bolsa ecológica com uma árvore estampada na frente com aquelas mesmas linhas róseas que havia naquela que habitava em seus pensamentos e olhos,colocou nesta bolsa as chaves do seu bugre,pegou uma pequena sacola ,pegou alguns remédios,pegou um pequeno depósito de vidro e colocou grão de bico,salada ,arroz e soja.Pegou outro depósito e colocou um sanduiche de queijo,encheu duas garrafas de água cada uma de um litro e colocou mais uma garrafa de 500 ml de suco de acerola,ainda muito gelado.Separou alguns papéis e um gravador pequeno junto com sua caneta predileta,aquela de escrita fina,mas,com uma cor forte,em gel.Pegou cartões de crédito,algum dinheiro guardado e uma mala contendo suas roupas preferidas.
Estava decidida:Iria em busca da sua felicidade.
Desceu na pequena escada e deu um 'olá' aos outros inquilinos,deu alguns afagos aos gatos,como se despedisse deles,mas,não estava,ao menos não queria e pensava ainda em voltar naquele dia.A escada apesar de ser pequena abrigava algumas caqueiras de samambaias,os degraus era de mármore branco ,as paredes amarelas cor de gema.Na sala central havia um enorme espelho que refletia toda a energia daquela gente.Gente brasileira e gente africana.Gente irmã.Gente gentil e amorosa.Mas,aquilo era rotina,não se aguentava mais.
Sorriu enquanto dava cada passo em direção à pequena saída que dava para a garagem.Seus passos eram marcados pela delicadeza e firmeza de seus pés,pequenos e gulosos por mais e mais passos.O balançar de suas pernas acompanhavam o balançar do seu coração,lento,mas,com bastante volúpia.Seu vestido no meio da coxa,mostrando aquela cor ''mel-esbranquiçada",cor brasileira,nordestina,gostosa de se ver.Cabelos soltos,fios mais claros,seus olhos no horizonte.
Pegou a chave do carro e pisou fundo.Nem queria se lembrar do Artigo que teria que produzir,nem se lembrava mais do que deveria falar.Seu pequeno mundinho foi deixado para tras.Foi ao Marco Zero do Recife,não sabia se sentava em Saturno,na Lua ou em qualquer outro canto dali.Resolveu rodor até se sentir tonta o suficiente para cair sentada em algum daqueles.E terminou na Lua.E ficou lá,sentindo a brisa e o balançar dos seus cabelos que acompanhavam freneticamente o ritmo do poluído que ali havia.Mas,não lhe incomodava naquele instante o cheiro,só conseguia imaginar o cheiro que supostamente teria aquelas 'linhas róseas" daquela árvore perto de sua casa.Estava ali para pensar,o sol das 13 horas nem chegava a incomodar,não sentia-se em seu corpo,sentia-se livre.Naquela liberdade gostosa que só o bem-te-vi conhece!Dramaticamente pegou o gravador e começou a falar palavras soltas: Vida.Caos.Obrigações.Água.Mar.Bolívia.Paulo.Integral.Salário.Documentos.Ar puro.Sustentação.Mães.Pais.País.Educação.Penhoramento.Aprimoramento.Ilusão de uam vida perdida entre a razão.Nem sentia mais.Não me lembrava o que era emoção,eis que estou aqui,Na lua ,com um sol de quase sertão,eis que agora sinto,mas,não sei que horas são.Só sei que brilha,pulsa o sangue do meu coração.E eis que um dia isso foi brega,hoje poesia,outrora deveras ser autonomia.Viva o dia em que vi aquelas verdes e róseas na harmonia.Lembrei-me do que eu sempre queria em tempos remotos.
Eu queria..Queria...Queria um par de harmonia.Com cores de folia,que nem a Mangueira,com amor e alegria,com açúcar e com afeto.Descobri que no Recife meu eu é poético!
Desligou.
Suas palavras eram densamente carregadas e cada uma delas praticava o exilio para diversos lugares diferentes.Exitou se poderia usar aquilo para trabalho,mas,aquilo era emoção.Nunca ouviu dizer que trabalho e emoção andavam juntos.Não tinha prazer naquilo que fazia.
Jazia em terreno Boliviano sua querida Mãe.Precisava sentir algo seu mais próximo,mas,antes ainda pensava em ver aquela bela árvore que dava para ver do janelão da pensão.Numa atitude sem pensar correu até o carro que havia estacionado no 'Azulzinho' por 5 reais.Correu desesperadamente para o aeroporto,nem sabia pra que iria alí.Mas,coincidentemente achou por perto uma árvore daquelas,verde com rosa.Tirou diversas fotos com o seu celular.Gravou a brisa tocando aquelas folhas junto com o barulho que fazia os aviões.Admirava-os de longe,pensava se poderia viajar naquela hora mesmo.Mas,pensou no seu carro e nos afazeres que tinha ainda por hoje.Foi até o carro e pegou o depósito que continha seu almoço.Enquanto almoçava escutava o que havia gravado até agora,sentia-se bem,mesmo ouvindo antigos problemas que estavam agregados naquelas palavras que juntam resultavam em frase,que para outros poderia não haver sentido,mas,para ela...
Um cara com andar folgado,mas,tímido,com mãos nos bolsos e tristeza no olhar e ao mesmo tempo esperança aproximou-se do carro dela; perguntou-lhe se ela era Júlia Bertouline ,ela assustada disse que era sim.Ele perguntou se poderia sentar-se ali no carro dela para conversar.Ela estranhou,largou seu almoço e resolveu tentar entende ro que estava ali acontecendo e perguntou-lhe finalmente quem ele era. E ele,com um bom sotaque que lhe soava como chuva tão esperada no sertão,sentia-o como se sentisse a brisa que a chuva trazia consigo,as mãos daquele pareciam gotículas de chuva em seus cabelos.Ele dizia-lhe quem era e ela lembrava-se daquele velho amor que havia sentido no colegial por tal rapaz.Mas,antes do romantismo lembrou-se das humilhações e restrições que havia passado,mergulhou em um balde de mágoas e ali ficou sentindo aquele cheiro que logo transformou-se em lama,em bosta,em mangue.Afundou de cabeça em seus pensamentos infantis e chamou-o para ir até a sua casa.No caminho para sua casa,em alta velocidade encontrou uma daquelas belas árvores.Sem dizer nada para aquele rapaz que ficara calado o tempo todo buscando amores apenas em olhares ,Júlia sentou-se perto daquela árvore ,pegou o gravador e gritou:Estou livre!
O cara achava graça de tudo,pobre moço.Pensava que trocaria cartas de amor,beijos e poesias com aquela que outrora ele havia conhecido.Júlia com um ar maligno andou em alta velocidade até a proxima árvore daquela,que dava para ver no seu janelão,Foi de frente,fundo,sem dó nem piedade.Bateu e capotou mais de 5 vezes,cairam no canal.Morreu com seu amor,morreu com sua flor,morreu enfim....Com a sua dor.
Ahhh...Se houvessem alguem para toma-lo!Pensou alto.
Mas,não havia.Sua vida era do janelão para à mesa,da mesa para a cama,da cama para os papeis,dos papeis para os jornais,dos jornais para...Vidinha ciclica.
Pensou em possibilidades de encontrar pessoas e se distrair um pouco,estava muito cansada de ver as mesmas pessoas,aqueles mesmos pensamentos,preconceitos e vaidades.Não,chega.Aquilo já bastava.
Pegou uma bolsa ecológica com uma árvore estampada na frente com aquelas mesmas linhas róseas que havia naquela que habitava em seus pensamentos e olhos,colocou nesta bolsa as chaves do seu bugre,pegou uma pequena sacola ,pegou alguns remédios,pegou um pequeno depósito de vidro e colocou grão de bico,salada ,arroz e soja.Pegou outro depósito e colocou um sanduiche de queijo,encheu duas garrafas de água cada uma de um litro e colocou mais uma garrafa de 500 ml de suco de acerola,ainda muito gelado.Separou alguns papéis e um gravador pequeno junto com sua caneta predileta,aquela de escrita fina,mas,com uma cor forte,em gel.Pegou cartões de crédito,algum dinheiro guardado e uma mala contendo suas roupas preferidas.
Estava decidida:Iria em busca da sua felicidade.
Desceu na pequena escada e deu um 'olá' aos outros inquilinos,deu alguns afagos aos gatos,como se despedisse deles,mas,não estava,ao menos não queria e pensava ainda em voltar naquele dia.A escada apesar de ser pequena abrigava algumas caqueiras de samambaias,os degraus era de mármore branco ,as paredes amarelas cor de gema.Na sala central havia um enorme espelho que refletia toda a energia daquela gente.Gente brasileira e gente africana.Gente irmã.Gente gentil e amorosa.Mas,aquilo era rotina,não se aguentava mais.
Sorriu enquanto dava cada passo em direção à pequena saída que dava para a garagem.Seus passos eram marcados pela delicadeza e firmeza de seus pés,pequenos e gulosos por mais e mais passos.O balançar de suas pernas acompanhavam o balançar do seu coração,lento,mas,com bastante volúpia.Seu vestido no meio da coxa,mostrando aquela cor ''mel-esbranquiçada",cor brasileira,nordestina,gostosa de se ver.Cabelos soltos,fios mais claros,seus olhos no horizonte.
Pegou a chave do carro e pisou fundo.Nem queria se lembrar do Artigo que teria que produzir,nem se lembrava mais do que deveria falar.Seu pequeno mundinho foi deixado para tras.Foi ao Marco Zero do Recife,não sabia se sentava em Saturno,na Lua ou em qualquer outro canto dali.Resolveu rodor até se sentir tonta o suficiente para cair sentada em algum daqueles.E terminou na Lua.E ficou lá,sentindo a brisa e o balançar dos seus cabelos que acompanhavam freneticamente o ritmo do poluído que ali havia.Mas,não lhe incomodava naquele instante o cheiro,só conseguia imaginar o cheiro que supostamente teria aquelas 'linhas róseas" daquela árvore perto de sua casa.Estava ali para pensar,o sol das 13 horas nem chegava a incomodar,não sentia-se em seu corpo,sentia-se livre.Naquela liberdade gostosa que só o bem-te-vi conhece!Dramaticamente pegou o gravador e começou a falar palavras soltas: Vida.Caos.Obrigações.Água.Mar.Bolívia.Paulo.Integral.Salário.Documentos.Ar puro.Sustentação.Mães.Pais.País.Educação.Penhoramento.Aprimoramento.Ilusão de uam vida perdida entre a razão.Nem sentia mais.Não me lembrava o que era emoção,eis que estou aqui,Na lua ,com um sol de quase sertão,eis que agora sinto,mas,não sei que horas são.Só sei que brilha,pulsa o sangue do meu coração.E eis que um dia isso foi brega,hoje poesia,outrora deveras ser autonomia.Viva o dia em que vi aquelas verdes e róseas na harmonia.Lembrei-me do que eu sempre queria em tempos remotos.
Eu queria..Queria...Queria um par de harmonia.Com cores de folia,que nem a Mangueira,com amor e alegria,com açúcar e com afeto.Descobri que no Recife meu eu é poético!
Desligou.
Suas palavras eram densamente carregadas e cada uma delas praticava o exilio para diversos lugares diferentes.Exitou se poderia usar aquilo para trabalho,mas,aquilo era emoção.Nunca ouviu dizer que trabalho e emoção andavam juntos.Não tinha prazer naquilo que fazia.
Jazia em terreno Boliviano sua querida Mãe.Precisava sentir algo seu mais próximo,mas,antes ainda pensava em ver aquela bela árvore que dava para ver do janelão da pensão.Numa atitude sem pensar correu até o carro que havia estacionado no 'Azulzinho' por 5 reais.Correu desesperadamente para o aeroporto,nem sabia pra que iria alí.Mas,coincidentemente achou por perto uma árvore daquelas,verde com rosa.Tirou diversas fotos com o seu celular.Gravou a brisa tocando aquelas folhas junto com o barulho que fazia os aviões.Admirava-os de longe,pensava se poderia viajar naquela hora mesmo.Mas,pensou no seu carro e nos afazeres que tinha ainda por hoje.Foi até o carro e pegou o depósito que continha seu almoço.Enquanto almoçava escutava o que havia gravado até agora,sentia-se bem,mesmo ouvindo antigos problemas que estavam agregados naquelas palavras que juntam resultavam em frase,que para outros poderia não haver sentido,mas,para ela...
Um cara com andar folgado,mas,tímido,com mãos nos bolsos e tristeza no olhar e ao mesmo tempo esperança aproximou-se do carro dela; perguntou-lhe se ela era Júlia Bertouline ,ela assustada disse que era sim.Ele perguntou se poderia sentar-se ali no carro dela para conversar.Ela estranhou,largou seu almoço e resolveu tentar entende ro que estava ali acontecendo e perguntou-lhe finalmente quem ele era. E ele,com um bom sotaque que lhe soava como chuva tão esperada no sertão,sentia-o como se sentisse a brisa que a chuva trazia consigo,as mãos daquele pareciam gotículas de chuva em seus cabelos.Ele dizia-lhe quem era e ela lembrava-se daquele velho amor que havia sentido no colegial por tal rapaz.Mas,antes do romantismo lembrou-se das humilhações e restrições que havia passado,mergulhou em um balde de mágoas e ali ficou sentindo aquele cheiro que logo transformou-se em lama,em bosta,em mangue.Afundou de cabeça em seus pensamentos infantis e chamou-o para ir até a sua casa.No caminho para sua casa,em alta velocidade encontrou uma daquelas belas árvores.Sem dizer nada para aquele rapaz que ficara calado o tempo todo buscando amores apenas em olhares ,Júlia sentou-se perto daquela árvore ,pegou o gravador e gritou:Estou livre!
O cara achava graça de tudo,pobre moço.Pensava que trocaria cartas de amor,beijos e poesias com aquela que outrora ele havia conhecido.Júlia com um ar maligno andou em alta velocidade até a proxima árvore daquela,que dava para ver no seu janelão,Foi de frente,fundo,sem dó nem piedade.Bateu e capotou mais de 5 vezes,cairam no canal.Morreu com seu amor,morreu com sua flor,morreu enfim....Com a sua dor.
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